O NÍVEL DE COMPROMETIMENTO DE UMA AMIZADE
É do velho
filósofo Sócrates, oráculo dos
gregos, a máxima: “Amigo, não há amigos!”.
Parece que o problema de se
achar amizade sólida, verdadeira, coerente, não é coisa nova. Mas, até onde uma
amizade deve ir para provar sua lealdade? Como provar o nível de envolvimento
de um amigo em face de situações extremas: defendê-lo, por exemplo, diante de
algozes assumindo todas as consequências resultantes da defesa? Qual a maior
prova de amizade que se pode dar a um amigo senão se expor por conta de
ajudá-lo, principalmente quando este está sozinho ou ausente de um linchamento
moral. Só dizer que é amigo não basta. Há que se provar.
A julgar
por essas e outras razões, está faltando amigo de verdade que defenda a
justiça, a coerência. À procura de amigos assim muitos estão, principalmente
quando se sabe que o que mais há são colegas, sem nenhum envolvimento de
coração.
Nesta
desesperada busca por amizade nos deparamos com fatos paradoxais. É o inusitado
que nos apanha, assalta e converte em pessoas crédulas que, mesmo diante de
contradições, podem a qualquer hora ser surpreendidas, invadidas pela realidade
crucial e irrefutável de que amigos há, é preciso apenas descobri-los.
Quem é que
já não teve a grata surpresa de ser traído pelo melhor “amigo”? Por outro lado,
quem é que também já não teve a régia recompensa de ser brindado por uma
amizade inesperada?
Mas se a
amizade que confiamos pode não ser a que é real, como podemos confiar no real?
Desconfiaremos sempre do real para depositar o coração no inesperado?
É
realmente muito complicado para qualquer ser mortal aceitar o fato de não poder
ter, com ninguém, qualquer relação de confiança. Todavia, a Bíblia diz que há amigos mais chegados que irmãos.
Certamente isso não se trata de frase de efeito nem qualquer coisa que o valha.
É realidade.
Mas se
isso ajuda você que já viveu ou vive este momento de desilusão à procura de uma
grande amizade, a Bíblia assevera que “maldito
o homem que confia no homem”.
O que o
texto contempla aqui não é o “eu” confiar no “tu”, mas sim a empáfia humana que
acredita que pode viver independente de Deus, com a força do seu próprio braço.
Se
fôssemos pensar como a maioria, diríamos que o assunto não tem solução: não há
amigos de verdade. Mas, se raciocinarmos com ausência de preconceito,
concluiremos que esse é o grande mistério da convivência: quem é quem na
história do convívio humano.
Basta uma
olhada para trás para que lembremos alguns episódios bem pitorescos da nossa
convivência, e quão difícil é para alguém ser aquilo que gostaria.
Eu diria que tudo isso se resolve com uma boa e imparcial leitura da vida. Nem nós nos conhecemos. Somos alguém hoje e outro amanhã.
De resto
mesmo, fica a amizade madura, que gosta além das próprias ambiguidades, dos
próprios sentidos e que insiste em ter o amigo, mesmo sem retorno, sem troca. É
o tudo/nada pela amizade.
Mude o
"quem ganha alma sábio é" (tradução incorreta) para "quem sabe
fazer um amigo é sábio!”