segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O NÍVEL DE COMPROMETIMENTO DE UMA AMIZADE


O NÍVEL DE COMPROMETIMENTO DE UMA AMIZADE

 

É do velho filósofo Sócrates, oráculo dos gregos, a máxima: “Amigo, não há amigos!”.

Parece que o problema de se achar amizade sólida, verdadeira, coerente, não é coisa nova. Mas, até onde uma amizade deve ir para provar sua lealdade? Como provar o nível de envolvimento de um amigo em face de situações extremas: defendê-lo, por exemplo, diante de algozes assumindo todas as consequências resultantes da defesa? Qual a maior prova de amizade que se pode dar a um amigo senão se expor por conta de ajudá-lo, principalmente quando este está sozinho ou ausente de um linchamento moral. Só dizer que é amigo não basta. Há que se provar.

 

A julgar por essas e outras razões, está faltando amigo de verdade que defenda a justiça, a coerência. À procura de amigos assim muitos estão, principalmente quando se sabe que o que mais há são colegas, sem nenhum envolvimento de coração.

 

Nesta desesperada busca por amizade nos deparamos com fatos paradoxais. É o inusitado que nos apanha, assalta e converte em pessoas crédulas que, mesmo diante de contradições, podem a qualquer hora ser surpreendidas, invadidas pela realidade crucial e irrefutável de que amigos há, é preciso apenas descobri-los.    

 

Quem é que já não teve a grata surpresa de ser traído pelo melhor “amigo”? Por outro lado, quem é que também já não teve a régia recompensa de ser brindado por uma amizade inesperada?

 

Mas se a amizade que confiamos pode não ser a que é real, como podemos confiar no real? Desconfiaremos sempre do real para depositar o coração no inesperado?

 

É realmente muito complicado para qualquer ser mortal aceitar o fato de não poder ter, com ninguém, qualquer relação de confiança. Todavia, a Bíblia diz que há amigos mais chegados que irmãos. Certamente isso não se trata de frase de efeito nem qualquer coisa que o valha. É realidade.

 

Mas se isso ajuda você que já viveu ou vive este momento de desilusão à procura de uma grande amizade, a Bíblia assevera que “maldito o homem que confia no homem”.

 

O que o texto contempla aqui não é o “eu” confiar no “tu”, mas sim a empáfia humana que acredita que pode viver independente de Deus, com a força do seu próprio braço.

 

Se fôssemos pensar como a maioria, diríamos que o assunto não tem solução: não há amigos de verdade. Mas, se raciocinarmos com ausência de preconceito, concluiremos que esse é o grande mistério da convivência: quem é quem na história do convívio humano.

 

Basta uma olhada para trás para que lembremos alguns episódios bem pitorescos da nossa convivência, e quão difícil é para alguém ser aquilo que gostaria.


Eu diria que tudo isso se resolve com uma boa e imparcial leitura da vida. Nem nós nos conhecemos. Somos alguém hoje e outro amanhã.

 

De resto mesmo, fica a amizade madura, que gosta além das próprias ambiguidades, dos próprios sentidos e que insiste em ter o amigo, mesmo sem retorno, sem troca. É o tudo/nada pela amizade.

 

Mude o "quem ganha alma sábio é" (tradução incorreta) para "quem sabe fazer um amigo é sábio!

 
REV. PAULO CESAR LIMA.