Introdução:
Em começo esta rápida
reflexão da qual quero tirar algumas lições proveitosas para a vida, com uma
máxima do grande Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,
dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta.
Diz ele:
«A gratidão de quem recebe um benefício é bem
menor
que o prazer daquele de quem o faz».
A teologia judaica
traz algumas diferenças em relação à teologia protestante. A teologia
protestante, por exemplo, ensina-nos sobre o pecado original e por
transmissão. Ou seja: nós nascemos em pecado. Já a teologia judaica não faz
esse caminho. Segundo os teólogos judeus, todo homem (e mulher) tem dentro de
si dois elementos que se antagonizam: o instinto bom e o instinto mal. A teologia
católica argumenta que todo homem tem um lado divino e um diabólico
habitando o seu coração. Vem o apóstolo Paulo e diz: «Pois o que faço não é
o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo”.
De posse desses
conceitos teológicos, vamos tentar elucidar, o máximo, o que desejamos
compartilhar com vocês.
I. HÁ
SEMPRE UMA POSSIBILIDADE DO MAL VENCER O BEM, DO DIABÓLICO VENCER O DIVINO
Como isso pode
acontecer?
A. O mal feito de
alguém contra nós pode nos influenciar até o limite da nossa transformação.
Por exemplo: Quando você é traído por alguém que usa todos os artifícios da
maldade e você utiliza os mesmos ardis que a pessoa que lhe fez mal, você pode
se tornar pior e mais perverso do que ela. Isto porque o divino e o
diabólico jazem à porta. É preciso se controlar e deixar tudo nas mãos de
Deus. Lembre-se: a FORCA que foi preparada para Mardoqueu, veio a ser o «prêmio»
(entre aspas) de Hamã.
B. O mal de uma
pessoa pode transformar o nosso desejo de fazer o bem. Se uma pessoa má me
influenciar e eu pagar na mesma moeda o mal que ela está me fazendo, eu posso
desenvolver um lado diabólico em mim sem limites.
C. Quando ficamos amargos
e perdemos a sensibilidade e vontade para fazer o bem, é porque estamos
sendo vencidos pelo mal. Homens que tinham como projeto de vida fazer o
bem, hoje foram transformados em espectros, figuras esquálidas vencidas pelo
mal, perderam completa e totalmente a motivação de fazer o bem. O que lhes
aconteceu? Foram vencidos pelo mal.
II. UM CORAÇÃO AFETADO
A. Nosso coração está
sendo afetado. A gente só sabe se o coração está sendo
afetado quando nossos sentimentos em relação à bondade ficam paralisados, interrompidos,
interditados; ficamos desmobilizados. Não faz mais sentido fazermos o bem.
B. Estamos ficando
completamente bloqueados para fazer o bem. Há pessoas que perderam
totalmente a força, o entusiasmo de fazer o bem. Estão amarguradas, por conta
de desilusões sofridas ao longo da vida.
C. A igreja está
entre o divino e o diabólico. Há algumas igrejas que desenvolveram um
ambiente de morbidez, malícia, sócio-fagia (um querendo destruir o outro), em
sua membresia que o lado diabólico, perverso, maldoso, maligno é o que mais
sobressai.
D. Um espírito
persecutório está tomando conta da igreja. Há «satanases» na igreja que não
são expulsos no uso do nome de Jesus. Eles são extremamente resistentes. No
Novo Testamento a palavra diabo tem algumas acepções, a saber:
a)
os inimigos que oprimem o povo de Deus
b) os elementos persecutórios na igreja e
c) o
diabo como personalidade diabólica.
III. VENCENDO
O MAL COM O BEM
A. A condição
essencial para vencer o mal é fazer o bem. Só não ficaremos doentes,
adoecidos e extremamente adoecedores na igreja se não nos deixarmos vencer pelo
mal, que tão de perto nos persegue. Devemos continuar a fazer o bem, sem
esperar nada de ninguém. É o maior bem que fazemos à nossa vida é fazermos o
bem aos outros.
B. Nada pode nos
cansar de fazer o bem. Ninguém pode nos impedir de sermos o que escolhemos
ser: abençoadores.
C. Nenhum mal, nenhuma maldade, ninguém pode
transformar ou mesmo impedir meus atos de bondade, sem que eu dê permissão.
D. O mal não pode me transformar em uma pessoa
má, perversa, calculista, fria, hedionda.
E. A gente não pode fazer o bem querendo
retribuição. Devemos fazer o bem, porque este é o lado divino que habita o
nosso coração. Que ninguém consiga mudar isso em nós, por maior que seja a sua
maldade.
Conclusão:
Termino com um
pensamento do romancista, poeta e dramaturgo Miguel de Cervantes:
«Uma das bases da
prudência é não fazer por
mal o que se pode fazer por bem» .
Rev. Paulo Cesar Lima