A
CRISE DE CARÁTER
a crise de caráter
Texto: 2 Coríntios 3.1-5.
INTRODUÇÃO:
Escolhemos o
tema «Caráter» devido a uma pesquisa feita sobre as instituições mais
desacreditadas do país. Para nosso espanto, ficou assim a distribuição: a)
polícia – 40% (os mais desacreditados); b) pastores – 33% (a segunda
instituição mais desacreditada do país) e c) políticos – 27%.
Caráter pode
ser definido como aquilo que caracteriza um homem, sobretudo em seu progresso
espiritual; índole.
Caráter, há
muito tempo, deixou de ser matéria da psicologia para ser uma questão
eminentemente ética.
I. EM DISCUSSÃO: A ORIGEM DO CARÁTER.
Sobre o caráter,
a gente deve ressaltar duas coisas:
a) o «desvio de conduta» e
b) o «desvio de caráter».
A maioria dos evangélicos corrige a
conduta, mas não o caráter.
Exemplo 1: Alguns bebiam – conduta
– deixaram de beber, mas continuam tendo problemas no caráter. Pessoas há que
têm um desvio de caráter sério, conquanto tenham se consertado na conduta.
Conduta tem a ver com o que faço; caráter com o que sou. Isto
porque, comumente, não sou o que faço.
Dentro das igrejas corrigimos
condutas, mas não caráter. Caráter tem a ver com motivação;
conduta, com prática; ou seja: o que me motiva fazer o que fiz? Ou o que
faço? Essa é a pergunta que devemos fazer ao caráter. Sem essa pergunta não
começamos a mexer em nosso caráter a fim de modificá-lo.
Por exemplo: Você está dentro de um ônibus e, de repente, dois ladrões
começam a assaltar o ônibus. Um dos passageiros, tomado de «coragem», consegue
neutralizar os ladrões. Todos no ônibus vão parabenizar o passageiro pela sua
coragem. Todavia, esta foi a conduta dele que pode não revelar – e na maioria
das vezes não revela – o seu caráter; por quê? Porque por «n» razões aquele homem pode ter feito o
que fez: pode se tratar de um psicopata que não está nem aí para as pessoas que
poderiam morrer por causa do seu embate com os ladrões; ele pode ter sido
motivado pelo medo ou por ser uma pessoa desequilibrada.
Este é o nosso grande problema: falamos
para fora do homem e não para dentro do homem. Assim as pessoas
terminam ficando ótimas «por fora», mas horríveis «por dentro»: sepulcros
caiados. Cuidamos do lado «estético» das pessoas, mas esquecemos do lado «ético»
– o mais importante. O estético é a «forma»; o «ético» é a essência.
Exemplo 2: Você pede a uma pessoa, aparentemente humilde, para fazer alguma
coisa. Ela não faz e fica totalmente indiferente ao que você pediu para ela
fazer. Você descobre, então, que aquela humildade aparente – conduta –
não é verdadeira. Aquele irmão ou irmã é extremamente insubmisso(a) e
orgulhoso(a). No entanto, nos cultos de «fogo» essa(e) irmã(o) entra em estado
de total ebulição: ele(a) pula, fala em línguas, chora, etc. Isso é caráter que
precisa ser mudado. Essa pessoa está, no mínimo, equivocada.
Cultos emocionais não transformam caráter,
mas corrigem, se muito, condutas. Para mudarmos o nosso caráter nós temos que
parar para ouvir.
Que Deus nos ajude a corrigir nossa
conduta e mudar nosso caráter no caráter de Cristo.
II. ÉTICA INDIVIDUALISTA –
DISTORÇÃO DE CARÁTER
A. Você
Decide (programa global). Uma mala cheia do dinheiro achada por alguém.
Este descobre que o dinheiro é destinado a um orfanato. As pessoas decidem a
favor do homem que achou a mala.
B. Somos um
povo confuso, dirigido por governantes eticamente confusos, eleitos por
critérios e valores duvidosos, sobre os quais a igreja pouco tem podido falar
porque também tem sujado os dedos no melado.
C. O homem
moderno tem uma consciência de camaleão.
D. Eduardo
Giannete da Fonseca, economista laureado, lançou o livro «Vícios Privados, Benefícios Públicos? A Ética na Riqueza das Nações»,
onde comenta que
«... se
examinássemos os jornais, os artigos, os comentários de televisão, os
seminários, as conferências etc., a partir de seu conteúdo, diríamos que nosso
país é uma maravilha, porque tem pessoas brilhantes, que dizem coisas
brilhantes».
Mas, segundo
Giannete, conquanto sejamos um país de gênios em todas as áreas, há um abismo
entre o desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento ético, que deveria
acompanhá-lo.
III. PROBLEMAS ÉTICOS PROFUNDOS
A. Somos um povo eticamente confuso porque
perdemos nossos referenciais.
B. O Fenômeno da Pluralidade transformou a
sociedade num imenso supermercado. Oferece-se
de tudo. O sistema tem um terminal dentro de nossas casas, quase fazendo
transfusão intravenosa de cosmovisão contemporânea: valores, ideias e costumes
que nos são enfiados goela abaixo, sem que esbocemos um gemido.
C. A pluralidade trouxe a fragmentação e
com ela uma consciência de que para tudo há opções no mercado: naturalista,
vegetariano, macrobiótico, preservacionista, reciclista etc.
D. A pluralidade
trouxe também o irracionalismo intimista do tipo: não pense, sinta; não
entenda, usufrua; não busque, receba; não caminhe, vibre; não se esforce,
relaxe; não compreenda, intua; não reaja, concorde.
Conclusão:
A cada dia que passa a crise de caráter vem aumentando no
mundo. A igreja, como voz profética de Deus, precisa levantar sua voz, no meio
de tantas vozes, para ser referencial para a sociedade, sob pena deste mal que
há no mundo – a falta de caráter – invadir a igreja. Aliás, isso já está acontecendo.
Rev. PAULO CESAR LIMA