segunda-feira, 3 de outubro de 2016

NÃO HÁ MAIS CHANCE!

NÃO HÁ MAIS CHANCE!
Texto: Amós 4:12:

«... Prepara-te, ó Israel, para te
encontrares com o teu Deus».

INTRODUÇÃO:

Já ouvi dezenas, talvez, centenas de mensagens com o tema «Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com Deus». Todas elas fazem o mesmo percurso: o escatológico, como se o texto estivesse falando do encontro da Igreja com Jesus. 

Só que o imperativo afirmativo «prepara-te»

1. não se trata de «boa opção» para quem quer se encontrar com Deus;
2. tampouco refere-se a um imperativo escatológico no que diz respeito à retirada da Igreja da terra, antes da Grande Tribulação;
3. não se trata também de um apelo à santidade para que não sejamos surpreendidos quando estivermos frente a frente com Deus na dimensão espiritual;
4. não se trata, por último, do derradeiro momento da Igreja na terra.

O «prepara-te», do versículo 12, cap. 4 de Amós, tem a ver com

1. o juízo de Deus sobre as 10 tribos do Norte, Israel;
2. o «basta de Deus»;
3. o «não tem mais jeito», «não tem mais saída».
4. é o «acerto de contas de Deus» com o seu povo.

 A perspectiva do «prepara-te» é que a Israel foi dada todas as oportunidades, mas o povo endureceu o coração. Deus produziu todo tipo de revezes para ver se Israel se convertia do seu mau caminho, mas a indiferença tomou conta do povo. Agora, após o endurecimento da nação, o seu não arrependimento, só um caminho resta a Deus: o julgamento final

Eu estou dizendo isso baseado no texto de Amós. O profeta descreve todas as experiências fatídicas que Israel passou, por conta de seus pecados, e todas elas no esforço de fazê-los voltar para Deus, mas mesmo assim eles continuaram insensíveis.

Observem o que diz Amós:

          1. «Eu fiz vocês passarem fome, diz o Senhor, mas isso não adiantou; vocês se recusaram a voltar para mim.

          2. Eu arruinei as suas plantações, impedindo que chovesse três meses antes da colheita. Deixei chover numa cidade e em outra não. Enquanto chovia numa plantação, a outra ficava seca e morria.

          3. Gente de duas, três cidades, caminhava cansada até um lugar onde houvesse chovido para conseguir um pouco d’água, mas não havia água suficiente para todos. Apesar disso, vocês não voltaram para mim, diz o Senhor.

          4. Castiguei suas fazendas e vinhas com pragas e ferrugem; os gafanhotos comeram as suas figueiras e oliveiras e apesar disso tudo, vocês não se converteram a mim, diz o Senhor.

          5. Mandei contra vocês pragas semelhantes às do Egito. Matei os seus jovens na guerra e espalhei os seus cavalos. O cheiro dos cadáveres era insuportável E ASSIM MESMO VOCÊS SE RECUSARAM A VIR.

          6. Destruí algumas de suas cidades como fiz com Sodoma e Gomorra. Os sobreviventes pareciam pedaços de lenha, meio queimados, tirados da fogueira. MAS VOCÊS NÃO QUISERAM VOLTAR A MIM, DIZ O SENHOR.

      Por tudo isso, trarei sobre vocês todos os males de que falei. PREPARE-SE PARA ENFRENTAR O JULGAMENTO DO SEU DEUS, povo de Israel!» (Amós 4:6-12).

Ora, o Deus que deixa as pessoas famintas, destrói suas plantações e mata seus filhos, é o mesmo que está dizendo para Israel que acabou, não há mais nada a fazer. Deus vai levá-los a um juízo final.


II. O QUE DEUS DENUNCIA NO COMPORTAMENTO DE ISRAEL?

A. DEUS CHAMA AS MULHERES DE ISRAEL DE «VACAS DE BASû. Ou seja, mulheres de classe média, vaidosas, que, em conluio com homens arrogantes e avarentos, incentivam a opressão dos pobres para continuarem com os seus gastos desordenados. 

B. OS PECADOS DE ISRAEL APONTADOS PELO PROFETA SÃO: Violência, Opressão, Injustiça, Indiferença, Arrogância, Cinismo, Falta de Arrependimento...  Daí por que o profeta grita:

«O que Eu quero ver é a justiça correndo como um rio. Quero ver uma correnteza de justiça e retidão». (Amós 5:24).

C. O QUE ACONTECERÁ A ISRAEL: Fome, Seca, Doenças, Gafanhoto, Pragas, Derrota Militar, Devastação.

D. Assim como nos capítulos 1 e 2 Amós prevê derrota militar e violência para sete vizinhos de Israel: 1) Damasco, 2) Tiro, 3) Filistia 4) Edom, 5) Amom, 6) Moabe e 7) Judá. Mas o profeta avisa que o Norte, as 10 tribos de Israel, também vai cair.

E. Israel está debaixo da ira de Deus, porque abandonou o seu estilo novo de viver: a liberdade em Deus. Seus dirigentes começaram a oprimir o povo e fazê-lo se contentar com a vida de opressão. 

 III. NÃO HÁ QUEM SALVE ISRAEL DA SUA ARROGÂNCIA?

A. Amós fala sobre os 07 grandes pecados de Israel:

1. «VENDEM O JUSTO POR DINHEIRO» – desprezo pela pessoa do devedor;

2. «VENDEM O NECESSITADO POR UM PAR DE SANDÁLIAS» – escravidão por dívidas ridículas;

3. «PISOTEIAM OS FRACOS NO CHÃO» – humilhação e opressão dos que não têm meios para se defender;

4. «DESVIAM O CAMINHO DOS POBRES» – falsificação do anseio pela justiça;

5. «DIANTE DE TODOS OS ALTARES ELES SE DEITAM SOBRE ROUPAS PENHORADAS» – falta de misericórdia na questão dos empréstimos;

6. «NO TEMPLO DO SEU ‘DEUS’ BEBEM O VINHO DE JUROS» – uso indevido dos impostos e multas.

B. Quais são as vítimas?
O texto deixa bem claro quais são as vítimas:

            1. o justo;
            2. o necessitado;
            3. o fraco;
4. o pobre;
5. o nome santo do próprio Deus.

IV. QUEM É AMÓS, O PROFETA?

O nome Amós significa «aquele que ajuda a carregar o fardo» ou «levar». Parece ser uma forma abreviada da expressão «amosiá», que significa Deus levou. Amós foi um profeta do Antigo Testamento que profetizou lá pelo século VIII a.C., mais ou menos 760, no tempo do rei Jeroboão II.

Amós, da cidade de Técua, na montanha ao sul de Jerusalém, denuncia uma religião que é mera fachada para a prática da injustiça e que acoberta um sistema iníquo, já viciado pela raiz.

Amós quando é expulso da cidade pelo sacerdote Amasias, deixa bem claro que não é profeta profissional, mas boiadeiro, plantador de sicômoros, mas que sua chamada foi legítima diante de Deus, e por isso ele vai continuar profetizando:

V. O CULTO SERVE DE MÁSCARA

A. O profeta desmascara os pecados do povo. Amós denuncia a forma como os dirigentes levam o povo de volta a um clima de escravidão, algo que fora superado na origem do povo ao sair do Egito.

           «Andem, continuem sacrificando aos ídolos em Betel e em Gilgal. Continuem desobedecendo; os seus pecados se amontoam. Ofereçam sacrifícios pela manhã, diariamente, e tragam os dízimos duas vezes por semana! Façam sacrifícios a seu próprio modo e tragam ofertas especiais. Isso os deixa muito orgulhosos e vocês contam tudo aos quatro ventos! » (Amós 4:4-5).

B. O profeta diz que o povo está tapeando e subornando Deus com os seus cultos. Amós é revelado por Deus que os cultos que o povo faz é um faz-de-contas. Não tem nada de verdadeiro nele. Deus diz que vai destruir o santuário para evitar que os injustos se sirvam dele (do santuário) para subornar a Deus e enganar o povo.

C. Amós fala da libertação do povo. A indignação de Deus é ver um povo que foi vocacionado para viver a liberdade sendo aprisionado pela própria religião. Amós mostra que a cidade de Samaria tornou-se a capital da corrupção e da injustiça.

D. Amós, ironicamente, chama o Egito e os filisteus, tradicionais opressores de Israel, para mostrar que dentro do próprio povo de Deus a opressão se tornou ainda maior que a deles.

CONCLUSÃO:

Como Amós denuncia o centro nervoso do poder, o santuário, ele é acusado pelo sacerdote Amasias de estar tramando contra o rei. O próprio sacerdote é encarregado de expulsar o profeta:

«Em seguida Amazias mandou uma ordem a Amós: ‘Vá embora daqui, seu profeta idiota! Fuja para a terra de Judá e profetize por lá. Não venha nos incomodar aqui com as suas visões. Aqui, em nossa capital, onde fica a sede do rei!’» (Amós 7:12-13).

Esta é a palavra de misericórdia de Deus para o povo:

«Os gafanhotos devoraram tudo o que se podia ver de verde na terra. Então eu disse: ‘Senhor Deus, por favor perdoe o seu povo! Não mande essa praga contra eles! Se o Senhor se voltar contra Israel que esperança haverá para eles? Israel é uma nação muito pequena!’ Assim, o Senhor abandonou essa ideia e não cumpriu a visão. ‘Não vou fazer isso’, Ele me disse. Então o Senhor Deus me mostrou um grande incêndio que havia preparado para castigar os moradores de Israel; o fogo tinha secado os rios e mares, devorando toda a terra. Vendo isso, eu disse: "Senhor Deus, por favor não faça isso. Se o Senhor se voltar contra Israel, que esperança haverá para eles? Israel é uma nação muito pequena!’ Assim, o Senhor também abandonou essa ideia e respondeu: ‘Também não vou fazer isso’.» (Amós 7:2-5)

As últimas palavras de Deus:

«Eu mudarei a sorte do meu povo, Israel. Eles reconstruirão suas cidades destruídas e morarão nelas mais uma vez. Eles plantarão suas vinhas e pomares, comerão os frutos e beberão o vinho. Eu os plantarei firmes na terra que dei a Israel; nunca mais serão arrancados, diz o Senhor Deus». (Am 9: 14-15)



domingo, 2 de outubro de 2016

ENTRANDO PELA PORTA DA FRENTE DO LIVRO DE JONAS

ENTRANDO PELA PORTA DA FRENTE DO LIVRO DE JONAS
Texto: 2 Reis 14:25.


INTRODUÇÃO:

Eu quero esta noite entrar pela porta da frente na leitura que desejo fazer do livro de Jonas. Digo assim, porque quero ler e entender Jonas de outra maneira que não seja aquela que se apega ao pano de fundo do texto e não com a sua real existência, como tema bíblico que precisamos refletir. Não quero colocar o «grande peixe» no lugar do «Grande Deus». Não quero fazer a leitura do livro a partir da tentativa de fuga de Jonas e me perder por aí. Absolutamente. Nem quero aventar a possibilidade de ver o diabo trapaceando no livro de Jonas, porque isso não existe. Aliás, há duas coisas que devem nos chamar a atenção quando abrimos o livro de Jonas para ler:

“Mas o Senhor mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se”. (Jonas 1:4)
“Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”. (Jonas 1:17)
“E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade”. (Jonas 1:12)

1. Nos dois primeiros textos acima depreendemos que Jonas é um dos únicos livros da Bíblia no qual o agente de comoção, tensão, frustração, perturbação, tentação, não é o diabo, mas Deus.
2. No último versículo supracitado, versículo 12, percebemos que Jonas é o agente responsável por suas próprias ações rebeldes e não satanás.

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Isto quer dizer muita coisa para nós. Primeiro que nem tudo que a gente diz que foi o diabo foi ele mesmo que fez. Segundo, e de grande importância, é que não devemos culpar ninguém pelos nossos erros a não ser a nós mesmos.

CONTEXTO HISTÓRICO

Pelo fato do nome «Jonas» aparecer no livro de 2ª Reis cap. 14:25, chegou-se à conclusão que o profeta teria profetizado no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.) sob à sombra da Assíria, capital Nínive. Jonas estaria aqui profundamente ligado aos eventos ocorridos no reino do Norte. Ele teria assistido às inúmeras tentativas de incursão por parte dos assírios; ele também teria presenciado a derrocada do Reino do Norte sob os ninivitas.

OBJEÇÕES: Enquanto os profetas desse tempo trazem ameaças de julgamento para as nações pagãs inimigas, o livro de Jonas relata a conversão dos ninivitas e anuncia a misericórdia de Deus para esse que foi um dos povos mais odiados por Israel. Na verdade, o livro de Jonas, segundo dezenas de estudiosos, é um escrito sapiencial. Como tal, não pertence ao gênero histórico, mas ao gênero parabólico, não deixando, por isso, de ser menos inspirado do que os demais.

A maioria dos estudiosos está de acordo em dizer que o livro de Jonas foi escrito depois do exílio na Babilônia em 538 a.C. A data mais recente seria antes do ano 200 a.C. Nessa faixa de 300 anos o povo de Israel foi sempre dominado por grandes potências, como o império persa e o império de Alexandre. Porém, não se esqueça que isso é apenas uma das muitas teorias acerca do livro de Jonas.

QUATRO DESTAQUES DO LIVRO

O pequeno livro de Jonas mexe com questões profundas. A primeira delas é a própria concepção de Deus.

1. Yahweh é um Deus não apenas nacional, mas de toda a humanidade.

2. Yahweh é um Deus imprevisível que muda suas decisões a partir das decisões do próprio homem.

3. Yahweh é o Deus da vida e quer que todos se convertam.

4. Ninguém possui o divino, no sentido de tê-lo só para si. Deus é de todos.

A segunda é que, conquanto Deus queira a vida para todos, todos devem se converter a Ele para terem a vida que Ele promete.

A terceira é que Deus tem misericórdia de quem, a nosso ver, não deveria ter misericórdia.

CINCO LIÇÕES QUE JONAS TEVE QUE APRENDER

1a) Jonas teve que aprender a lição de ter que pregar para aqueles que ele odiava – os ninivitas (assírios)

2a) Jonas teve que aprender que quando se está longe da vontade de Deus a gente se torna pior do que os mais perversos – nem os pagãos quiseram ficar com Jonas

3a) Jonas teve que aprender que quando temos coração amargurado nossa mensagem é sempre de juízo – nossa pregação não pode ser uma projeção do nosso rancor.

4a) Jonas teve que aprender a partir da conversão dos seus piores inimigos – a arrogância de Jonas quase o precipitou no hediondo comportamento de não querer aceitar que venha nada de bom de um adversário.


5a) Jonas teve que aprender que quando temos coração amargurado ficamos sem paciência e sem misericórdia no convívio com os inimigos – nós, à semelhança de Jonas, achamos que o “outro” é sempre o diabo.

Rev. Paulo Cesar Lima