ENTRANDO PELA PORTA DA FRENTE DO LIVRO DE JONAS
Texto:
2 Reis 14:25.
INTRODUÇÃO:
Eu quero esta noite
entrar pela porta da frente na leitura que desejo fazer do livro de Jonas. Digo
assim, porque quero ler e entender Jonas de outra maneira que não seja aquela
que se apega ao pano de fundo do texto e não com a sua real existência, como tema
bíblico que precisamos refletir. Não quero colocar o «grande peixe» no lugar do
«Grande Deus». Não quero fazer a leitura do livro a partir da tentativa de fuga
de Jonas e me perder por aí. Absolutamente. Nem quero aventar a possibilidade
de ver o diabo trapaceando no livro de Jonas, porque isso não existe. Aliás, há
duas coisas que devem nos chamar a atenção quando abrimos o livro de Jonas para
ler:
“Mas o Senhor mandou ao mar um grande vento, e fez-se
no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se”. (Jonas
1:4)
“Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que
tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do
peixe”. (Jonas 1:17)
“E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e
o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta
grande tempestade”. (Jonas 1:12)
1. Nos dois primeiros
textos acima depreendemos que Jonas é um dos únicos livros da Bíblia no qual o
agente de comoção, tensão, frustração, perturbação, tentação, não é o diabo,
mas Deus.
2. No último
versículo supracitado, versículo 12, percebemos que Jonas é o agente
responsável por suas próprias ações rebeldes e não satanás.
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Isto quer dizer muita
coisa para nós. Primeiro que nem tudo que a gente diz que foi o diabo foi ele
mesmo que fez. Segundo, e de grande importância, é que não devemos culpar
ninguém pelos nossos erros a não ser a nós mesmos.
CONTEXTO HISTÓRICO
Pelo fato do nome
«Jonas» aparecer no livro de 2ª Reis cap. 14:25, chegou-se à conclusão que o
profeta teria profetizado no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.) sob à sombra
da Assíria, capital Nínive. Jonas estaria aqui profundamente ligado aos eventos
ocorridos no reino do Norte. Ele teria assistido às inúmeras tentativas de incursão
por parte dos assírios; ele também teria presenciado a derrocada do Reino do
Norte sob os ninivitas.
OBJEÇÕES: Enquanto os
profetas desse tempo trazem ameaças de julgamento para as nações pagãs
inimigas, o livro de Jonas relata a conversão dos ninivitas e anuncia a
misericórdia de Deus para esse que foi um dos povos mais odiados por Israel. Na
verdade, o livro de Jonas, segundo dezenas de estudiosos, é um escrito
sapiencial. Como tal, não pertence ao gênero histórico, mas ao gênero
parabólico, não deixando, por isso, de ser menos inspirado do que os demais.
A maioria dos
estudiosos está de acordo em dizer que o livro de Jonas foi escrito depois do
exílio na Babilônia em 538 a.C. A data mais recente seria antes do ano 200 a.C.
Nessa faixa de 300 anos o povo de Israel foi sempre dominado por grandes
potências, como o império persa e o império de Alexandre. Porém, não se esqueça
que isso é apenas uma das muitas teorias acerca do livro de Jonas.
QUATRO DESTAQUES DO LIVRO
O pequeno livro de
Jonas mexe com questões profundas. A primeira delas é a própria concepção de
Deus.
1. Yahweh é um Deus
não apenas nacional, mas de toda a humanidade.
2. Yahweh é um Deus
imprevisível que muda suas decisões a partir das decisões do próprio homem.
3. Yahweh é o Deus da
vida e quer que todos se convertam.
4. Ninguém possui o
divino, no sentido de tê-lo só para si. Deus é de todos.
A segunda é que,
conquanto Deus queira a vida para todos, todos devem se converter a Ele para
terem a vida que Ele promete.
A terceira é que Deus
tem misericórdia de quem, a nosso ver, não deveria ter misericórdia.
CINCO LIÇÕES QUE JONAS TEVE QUE APRENDER
1a) Jonas teve que
aprender a lição de ter que pregar para aqueles que ele odiava – os ninivitas
(assírios)
2a) Jonas teve que
aprender que quando se está longe da vontade de Deus a gente se torna pior do
que os mais perversos – nem os pagãos quiseram ficar com Jonas
3a) Jonas teve que
aprender que quando temos coração amargurado nossa mensagem é sempre de juízo –
nossa pregação não pode ser uma projeção do nosso rancor.
4a) Jonas teve que
aprender a partir da conversão dos seus piores inimigos – a arrogância de Jonas
quase o precipitou no hediondo comportamento de não querer aceitar que venha
nada de bom de um adversário.
5a) Jonas teve que
aprender que quando temos coração amargurado ficamos sem paciência e sem
misericórdia no convívio com os inimigos – nós, à semelhança de Jonas, achamos
que o “outro” é sempre o diabo.
Rev. Paulo Cesar Lima
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