domingo, 2 de outubro de 2016

ENTRANDO PELA PORTA DA FRENTE DO LIVRO DE JONAS

ENTRANDO PELA PORTA DA FRENTE DO LIVRO DE JONAS
Texto: 2 Reis 14:25.


INTRODUÇÃO:

Eu quero esta noite entrar pela porta da frente na leitura que desejo fazer do livro de Jonas. Digo assim, porque quero ler e entender Jonas de outra maneira que não seja aquela que se apega ao pano de fundo do texto e não com a sua real existência, como tema bíblico que precisamos refletir. Não quero colocar o «grande peixe» no lugar do «Grande Deus». Não quero fazer a leitura do livro a partir da tentativa de fuga de Jonas e me perder por aí. Absolutamente. Nem quero aventar a possibilidade de ver o diabo trapaceando no livro de Jonas, porque isso não existe. Aliás, há duas coisas que devem nos chamar a atenção quando abrimos o livro de Jonas para ler:

“Mas o Senhor mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se”. (Jonas 1:4)
“Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”. (Jonas 1:17)
“E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade”. (Jonas 1:12)

1. Nos dois primeiros textos acima depreendemos que Jonas é um dos únicos livros da Bíblia no qual o agente de comoção, tensão, frustração, perturbação, tentação, não é o diabo, mas Deus.
2. No último versículo supracitado, versículo 12, percebemos que Jonas é o agente responsável por suas próprias ações rebeldes e não satanás.

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Isto quer dizer muita coisa para nós. Primeiro que nem tudo que a gente diz que foi o diabo foi ele mesmo que fez. Segundo, e de grande importância, é que não devemos culpar ninguém pelos nossos erros a não ser a nós mesmos.

CONTEXTO HISTÓRICO

Pelo fato do nome «Jonas» aparecer no livro de 2ª Reis cap. 14:25, chegou-se à conclusão que o profeta teria profetizado no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.) sob à sombra da Assíria, capital Nínive. Jonas estaria aqui profundamente ligado aos eventos ocorridos no reino do Norte. Ele teria assistido às inúmeras tentativas de incursão por parte dos assírios; ele também teria presenciado a derrocada do Reino do Norte sob os ninivitas.

OBJEÇÕES: Enquanto os profetas desse tempo trazem ameaças de julgamento para as nações pagãs inimigas, o livro de Jonas relata a conversão dos ninivitas e anuncia a misericórdia de Deus para esse que foi um dos povos mais odiados por Israel. Na verdade, o livro de Jonas, segundo dezenas de estudiosos, é um escrito sapiencial. Como tal, não pertence ao gênero histórico, mas ao gênero parabólico, não deixando, por isso, de ser menos inspirado do que os demais.

A maioria dos estudiosos está de acordo em dizer que o livro de Jonas foi escrito depois do exílio na Babilônia em 538 a.C. A data mais recente seria antes do ano 200 a.C. Nessa faixa de 300 anos o povo de Israel foi sempre dominado por grandes potências, como o império persa e o império de Alexandre. Porém, não se esqueça que isso é apenas uma das muitas teorias acerca do livro de Jonas.

QUATRO DESTAQUES DO LIVRO

O pequeno livro de Jonas mexe com questões profundas. A primeira delas é a própria concepção de Deus.

1. Yahweh é um Deus não apenas nacional, mas de toda a humanidade.

2. Yahweh é um Deus imprevisível que muda suas decisões a partir das decisões do próprio homem.

3. Yahweh é o Deus da vida e quer que todos se convertam.

4. Ninguém possui o divino, no sentido de tê-lo só para si. Deus é de todos.

A segunda é que, conquanto Deus queira a vida para todos, todos devem se converter a Ele para terem a vida que Ele promete.

A terceira é que Deus tem misericórdia de quem, a nosso ver, não deveria ter misericórdia.

CINCO LIÇÕES QUE JONAS TEVE QUE APRENDER

1a) Jonas teve que aprender a lição de ter que pregar para aqueles que ele odiava – os ninivitas (assírios)

2a) Jonas teve que aprender que quando se está longe da vontade de Deus a gente se torna pior do que os mais perversos – nem os pagãos quiseram ficar com Jonas

3a) Jonas teve que aprender que quando temos coração amargurado nossa mensagem é sempre de juízo – nossa pregação não pode ser uma projeção do nosso rancor.

4a) Jonas teve que aprender a partir da conversão dos seus piores inimigos – a arrogância de Jonas quase o precipitou no hediondo comportamento de não querer aceitar que venha nada de bom de um adversário.


5a) Jonas teve que aprender que quando temos coração amargurado ficamos sem paciência e sem misericórdia no convívio com os inimigos – nós, à semelhança de Jonas, achamos que o “outro” é sempre o diabo.

Rev. Paulo Cesar Lima

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