terça-feira, 15 de julho de 2014

ALEGRIA COMO FORÇA REVOLUCIONÁRIA, ÉTICA E ESTÉTICA DOS AFETOS


ALEGRIA COMO FORÇA REVOLUCIONÁRIA, ÉTICA E ESTÉTICA DOS AFETOS

 

 

No século XVII a Santa Inquisição perseguia toda e qualquer expressão de espontaneidade. Não se podia rir nesta época, sob pena de ser julgado e condenado como blasfemador pela Igreja. No passado, no meio pentecostal clássico, o riso era repudiado. Ou seja: qualquer expressão de espontaneidade era vista como escárnio e zombaria.

 

Foi penoso para os crentes de 40, 50 anos atrás terem que se tornar carrancudos, mau humorados, trombudos, emburrados, para demonstrarem espiritualidade. A única coisa que podia quebrar essas proibições, nervuras, impedimentos, interdições, era o batismo com o Espírito Santo, com o qual a pessoa batizada ficava, por um momento, desgovernada, impactada, e saía da sua postura de “equilíbrio”, controle pessoal. Ela ria, pulava, dançava, aplaudia. Era uma manifestação clara de efusão, de celebração, alegria contagiante. Só assim o pentecostal clássico podia expressar alegria, expansão, fervor.

 

Foram muitas as descobertas que fiz nesse meu encontro com a alegria. A primeira descoberta foi, justamente, com relação à filosofia antiga. Descobri que, na filosofia antiga, a alegria era considerada como uma mania, como um delírio, como uma loucura. Em Fedro, de Platão, a alegria tem o sentido de mania, loucura e delírio. Quando lemos a filosofia antiga, temos que ter cuidado com as palavras, pois nunca são palavras usadas sem ter sido primeiro refletidas, vividas. Então quando os antigos estão falando de mania, estão falando de loucura, de delírio. Mas, esta mania designa o quê? Designa a presença do divino. E este “divino” não é o divino absolutamente apregoado por alguns grupos evangélicos. Mas é aquele divino que tem uma força transformadora e incentivadora do sujeito, em uma relação com a alegria que fará com que dessa relação sujeito/alegria ecloda o próprio sujeito no mergulho na própria alegria. Quer dizer que mergulhar na alegria não é sem consequência para o sujeito. Tem tanta consequência que esse sujeito sai eclodido. Essa eclosão do sujeito refere-se aqui, sobretudo, às transformações, às mudanças, e o mais interessante, ao encontro. Ou seja: Sentir-se alegre, encontrar com a alegria, é encontrar-se com Deus na mais louca das experiências.

 
“A sua ira dura só um momento, mas a sua bondade é para a vida toda. O choro pode durar a noite inteira, mas de manhã vem a alegria” (Salmos 30:5).

 
“A alegria embeleza o rosto, mas a tristeza deixa a pessoa abatida” (Provérbios 15:13).
 
 
Rev. Paulo Cesar Lima
Presidente da CMADERJE

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