Algumas pessoas ainda insistem em avaliar a vida de alguém pelo seu lado comportamental. Só que, sabemos, o comportamento pode ser maquiado, estereotipado, representado, configurado de diversas maneiras. A humildade não deve ser vista com esses óculos superficiais. A humildade é uma virtude teologal que se espraia na mais fina e tênue linha de subjetividade e descrição, mas que pode ganhar contornos extremamente vaidosos. Para ilustrar o que eu estou tentando dizer, trago o exemplo de dois grandes campeões no quesito humildade: Francisco de Assis e Santo Antão.
FRANCISCO DE ASSIS
Francisco de Assis, um dos homens considerados mais humildes pela história, funda uma ordem pobre, dedica-se inteiramente a humildade e, perto do fim da vida, no século XIII, ele se sente depressivo, porque a Ordem que ele fundou pobre já estava enriquecendo a olhos vistos. A ordem que ele criou sem posse nenhuma já estava com bibliotecas. E ele entrou em depressão. “O que adiantou tudo que eu fiz. Eu me dediquei à pobreza absoluta”, diz ele.
FRANCISCO DE ASSIS
Francisco de Assis, um dos homens considerados mais humildes pela história, funda uma ordem pobre, dedica-se inteiramente a humildade e, perto do fim da vida, no século XIII, ele se sente depressivo, porque a Ordem que ele fundou pobre já estava enriquecendo a olhos vistos. A ordem que ele criou sem posse nenhuma já estava com bibliotecas. E ele entrou em depressão. “O que adiantou tudo que eu fiz. Eu me dediquei à pobreza absoluta”, diz ele.
É o homem que vai morrer deitado no chão, pedindo desculpas ao seu corpo, pelos maus tratos. E ele vai visitar uma amiga, Clara de Assis, e Clara lhe diz: “Falta-lhe o último nível de humildade a ser alcançado. Falta você abrir mão do seu legado e da sua obra. Falta você dizer que o que você fez pertence ao futuro e aos outros e não a você”. E quando Francisco entende isso, ele fica muito alegre, porque ele abriu mão de toda a riqueza do pai Pedro Bernardoni, abriu mão de toda a luxuria, mas teve a vaidade de supor que tinha fundado a Ordem mais pobre de toda a história da igreja. E, quando ele entende através da sua amiga Clara que nem o futuro lhe pertencia, ele fala sua última frase: “Peçam ao Pai para ajudá-los com a sua!” Esticou-se no chão duro e encerrou sua existência. Ali, naquele chão duro, foi feita uma capelinha e depois um imenso templo ao redor.
Essa vaidade final de Francisco de Assis é a vaidade da humildade extrema.
SANTO ANTÃO
Santo Antão foi
tentado pelo demônio por 105 anos. Após todo esse tempo, satanás chegou para
Antão, seu alvo de tormento, e disse: “Você venceu. Pela primeira vez na
história um humano foi mais forte do que eu”. Ao dizer isso foi-se retirando da
caverna. Antão cai de joelhos e faz uma oração simples e diz para Deus: “Obrigado, Senhor, pois, agora, eu me tornei um
santo!” Satanás escutou as palavra de Antão, sorriu e voltou a tentá-lo
novamente. Este homem venceu praticamente todas as tentações, mas não conseguiu
vencer uma: a vaidade de ser santo. Isto mostra que, no fundo, a mulher
virtuosa, fiel, o homem dedicado, o filho exemplar, cometem o pecado de dizer:
“Eu não sou como a adúltera, como o infiel, ou como filho rebelde”. Como diz o
professor Leandro Karnal: “Por trás de cada virtude há uma exuberância que se
aproxima do vício”. Ou seja: a maior de todas as vaidades é quando eu começo a
amar as minhas virtudes.
Rev. Paulo Cesar Lima.
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