sexta-feira, 26 de junho de 2015

O QUE É A VERDADE?



O QUE É A VERDADE?
      
      O QUE É A VERDADE?


DEFINIÇÃO

Verdade é algo que tem exatidão, autenticidade, realidade, correspondência e coerência. Segundo os melhores dicionários, verdade é

• Conformidade entre o pensamento ou a sua expressão e o objeto de pensamento.
• Qualidade do que é verdadeiro
• Realidade
• Exatidão, rigor, precisão
• Coisa certa
• Axioma, premissa evidente
• Ausência de contradição

FILOSOFIA

A Filosofia trabalha pelo menos com cinco tipos de verdade ou cinco teorias acerca da verdade. Vejamos:

1. EMUNAH (אמונה). É uma palavra hebraica e tem o mesmo significado que confiar ou amém. Esta é uma verdade que é derivada do senso comum; é verdade por consenso. É uma verdade que se espelha na maioria, ou seja, se a maioria está dizendo então eu acredito. É a “mentira do rebanho” como diz Nietzsche. O sujeito se guia pelo rebanho, pela maioria. Podemos chamar também de a verdade da moda. Esta verdade, infelizmente, faz parte do cotidiano de muita gente. 

2. VERITAS – Na mitologia romana, Veritas era a deusa da verdade, filha de Saturno e mãe da virtude. Achava-se que se ocultava no fundo de um poço sagrado porque era muito fugidia. Sua imagem mostra-a como uma jovem virgem vestida de alvo. Veritas é também o nome que recebe a “virtude” romana da veracidade, que era considerada uma das principais virtudes que um bom romano devia possuir. Na mitologia grega, Veritas era conhecida como Aletheia. Os escolásticos começaram a dizer que Veritas era a correspondência entre a verdade e a coisa. O que quer dizer isso? É a concepção de uma verdade por correspondência. Essa ideia é muito comum como a concepção por coerência. É verdadeiro tudo aquilo que se fala ou se pensa e que tenha correspondência no mundo. Logo, é a correspondência entre o intelecto e o mundo, o intelecto e a coisa. Se você diz ou pensa alguma coisa que não tenha correspondente na realidade, no mundo, você está cometendo um erro, equivocando-se ou dizendo uma mentira. Podemos chamá-la também como a verdade discursiva, a verdade das ideias ou das representações.

3. AλήθειαNa tradição neotestamentária há de se encontrar as origens e as derivações das palavras gregas. Por exemplo, a expressão verdade = «αλήθεια». Todos os termos derivados de «αλήθεια» provém de «λανθάνo» = esquecer, estar escondido, ser ignorado. Sendo composto por «a», prefixo de negação, designa aquilo que não é oculto. Ou seja: «αλήθεια» indica aquilo que não é dissimulado. Dizer a verdade equivale a não esconder nada, por isso «αλήθεια» se opõe à mentira e ao esquecimento. Dentro desta lógica, um evento é verdadeiro se é revelado. «Lêthos» ou «Lanthãno» era um rio que, antes de chegar ao Hades, os seres humanos tinham que passar por ele. E, passando por esse rio, os seres humanos perdiam todas as memórias anteriores. Era o rio do esquecimento. Aletheia (αλήθεια) seria este movimento de descobrir, ou seja, o acesso à verdade passaria por esse movimento de descobrir, desvelar, ir além das aparências, tirar o véu, desocultar ou descobrir relembrando. Mas essencialmente o que fica hoje é ir além das aparências, descobrir. É também uma concepção ontológica da verdade. Por que ontológica? Porque é uma concepção acerca do ser; ontologia é o estudo do ser. E para chegar à verdade do ser tem que desvelar, tirar o véu, desocultar.

4. VERDADE PRAGMÁTICA.  A verdade pragmática está relacionada à ideia de que é verdadeiro o que é útil. Relaciona-se a esse universo da prática, da ação. Aqui o verdadeiro é medido por sua utilidade ou eficácia.

5. A TEORIA DA VERDADE POR COERÊNCIA. É verdadeiro aquilo que tem coerência. Toda e qualquer relação entre o homem e os seus objetos de pesquisa tem que ter coerência.


TEOLOGIA

A teologia trabalha outro campo da verdade: a verdade revelada por Deus. Por isso precisamos fazer a diferença entre a mentalidade hebraica e a grega para não sucumbirmos em erros e distorções.
Aponto abaixo algumas dessas diferenças:

1. A Bíblia foi escrita com uma mentalidade hebraica, no entanto, nossa leitura ocidental se tornou grega. Eis o grande descompasso.

2. Para o hebreu, o ouvido era o órgão que revelava o divino. Para o grego, eram os olhos. Para o hebreu, ouvir Deus era relacionar-se com Ele; para o grego, a observação era de importância vital para se conhecer o divino.

3. Para o grego, verdade é algo a ser conhecido, dominado. Para o hebreu, a verdade se trata de envolvimento pessoal, vivenciável, experiencial. Verdade é alguma coisa com a qual eu me relaciono.

4. Para o grego a pergunta que se deve fazer é: o que é a verdade? Para o hebreu, a pergunta é: quem é a verdade? Jesus: "eu sou a verdade".

5. Para os gregos, a verdade faz você conhecer o mundo. Para os hebreus, a verdade transforma o mundo. A intenção hebraica é afetar mais que compreender.

6. Na compreensão de Deus, o hebreu tinha um sentido relacional e comunitário: quem é Deus em relação a nós, criador, libertador, pai?

7. Para a compreensão grega de Deus, o que importava era conceitual, e não relacional, o que Ele era em relação a si mesmo, um deus ontológico.

8. A perspectiva grega de quem é Deus para si mesmo gera uma espiritualidade individual, abstrata, descolada das relações sociais.

9. A perspectiva hebraica de quem é Deus gera uma espiritualidade e uma ética voltada para as relações sociais, para a comunidade. 



Rev. Paulo Cesar Lima

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A PORTA JÁ É ESTREITA. NÃO PRECISAMOS ESTREITAR MAIS!



Por mais que tentemos, não somos capazes, sozinhos, de nos ajustar à porta estreita. Aliás, "porta estreita" não é o meu esforço pessoal de me auto anular, castrar, censurar, demonstrar espiritualidade, consagração, devoção ... manter-me na linha em seguir as maneiras e costumes da igreja. “Porta estreita” não é o modo de vestir, de falar, de se comportar. Nossa "justiça própria" nos desajusta o tempo todo diante de Deus, tornando-nos desajustáveis para entrar pela porta estreita. Só Jesus, pela sua graça, pode nos tornar ajustáveis.


Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém. Alguém perguntou: — Senhor, são poucos os que vão ser salvos? Jesus respondeu: – Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão. – O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: ‘Senhor, nos deixe entrar!’ E ele responderá: ‘Não sei de onde são vocês.’ Aí vocês dirão: ‘Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade.’ Mas ele responderá: ‘Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal.’ Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Lucas 12:22-30).


INTRODUÇÃO

Em quase 41 anos de ministério, eu sempre ouvi que entrar pela “porta estreita” tinha a ver com o meu esforço pessoal de me auto anular, castrar, censurar, demonstrar espiritualidade, consagração, devoção ... manter-me na linha em seguir as maneiras e costumes da igreja. “Porta estreita” era o modo de vestir, de falar, de se comportar; para as mulheres, era não usar calça comprida, pintura, adereços, coisas do gênero; para os homens, era não usar barba, bigode, cavanhaque, cabelos compridos, jogar bola,
                     
Refletindo o Evangelho deste dia 05 de novembro de 2014 temos sem dúvida a oportunidade de crescer fortalecendo as nossas decisões, como também, a virtude da vigilância. Em Lucas 13:23 nós encontramos alguém que faz uma pergunta a Jesus: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Diante da pergunta, Jesus responde com uma forte afirmação no versículo seguinte: “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita. Por que eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”.
                               
A exigência do evangelho deve, portanto, nos questionar se a vida que levamos, verdadeiramente nos forma e prepara, para as diversas portas estreitas da vida, inclusive, para a porta estreita por excelência, que é o julgamento final. É muito significativo e profundo o fato de Jesus afirmar que muitos tentarão, e não conseguirão entrar.

Não é o esforço moral que nos faz entrar pela porta estreita. Isto é bem explícito na palavra a seguir: “Pois eu vos afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão”.

O que isso pode significar para nós? Será que esses levavam uma vida de completa ilusão acerca do seu preparo? Ou seja, viviam uma ilusão de seguimento de Jesus, de estar preparado, contudo, sem as condições necessárias para responder à exigência da porta estreita. Estar com Jesus, mas não ser inteiramente de Jesus, constitui a ilusão que mais frustra o homem.

A porta estreita nos revela o quanto importante é ter uma vida de intimidade com Jesus que compromete o ser, ou seja, a vida na sua totalidade. Em 1 João 2:4 colhemos o critério que nos prova: “Aquele que diz: ‘Eu conheço, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele’.”

Tal dimensão nos encaminha para um exame de consciência intenso, onde percebemos, que sem a prática dos ensinamentos de Jesus, no concreto da vida, nosso preparo revela-se ilusório e fantasioso. Se a consciência, o conhecimento e a fé, não revelam-se capazes de governar a vida, a existência torna-se mentira e falsidade. E de fato tudo aquilo que não é construído na verdade sempre irá cair por terra um dia, o tempo é o seu maior adversário, pois, o tempo sempre vence aquilo que não possui raiz profunda e substância!

AGORA, QUEM PODE NOS PREPARAR PARA

A EXIGÊNCIA DA PORTA ESTREITA?

Constatamos que somente um pode nos formar para tal realidade: Deus que nos criou! É por esse motivo que a carta aos hebreus afirma que não podemos desprezar a educação do Senhor que nos repreende e corrige em vista da salvação. Contudo, sem o “fazei todo o esforço possível”, acaba-se por não viver o comprometimento e o dinamismo do ser melhor, da mudança, que nos faz vir para fora, inserindo-nos nessa realidade de purificação e preparação.

Nesse evangelho Jesus coloca ainda outro questionamento no versículo 25a e 26: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’. Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.

É sem dúvida muito triste seguir um caminho e ver as esperanças frustradas, mas isso é justamente o resultado de uma vida feita de meias medidas, de jeitinhos aqui e lá, enfim, de meras aparências. Precisamos ser responsáveis, reconhecendo que Deus nos conhece inteiramente, e que o improviso e a imprudência não são salvíficos. Portanto, não nos enganemos, sigamos um caminho permitindo que o dono da porta nos ajuste na medida da porta estreita, pois, a medida correta está em Deus não em nós mesmos.

Infelizmente vivemos em um mundo onde a busca de muitos é pela porta larga, pelo mais fácil e rápido.

QUE TIPO DE PESSOAS PODEM SURGIR DE UMA

FORMAÇÃO QUE BUSCA A FACILIDADE E A FALSA PROTEÇÃO?

Pessoas desanimadas e excessivamente insensíveis, que tendem à perda de sentido da vida, pelo simples fato, de não conseguirem enfrentar as exigências naturais da vida e da fé. Por isso, decida-se por um caminhar onde a referência é a Palavra de Deus que nos revela Jesus, como também, nos desvela a verdade de nós mesmos.

O QUE PRECISAMOS FAZER E DEIXAR DEUS FAZER EM NÓS?

É se deixar estreitar hoje pelo Senhor, numa relação de compromisso e responsabilidade com a sua missão; é ter vida de intimidade com Jesus, algo que compromete o ser, ou seja, a vida na sua totalidade; é deixar que, através dos ensinos de Jesus, sejamos preparados e ajustados, na medida da porta estreita, o tempo da graça.


Rev. Paulo Cesar Lima

terça-feira, 2 de junho de 2015

OS 10 MANDAMENTOS DO MALEDICENTE


Estes mandamentos têm tudo a ver com os passos dados pelo MALEDICENTE com o objetivo de destruir aquele que passa a ser o seu alvo de destruição.
 
 
Primeiro Mandamento:

1 – Não deixe de falar mal dos outros para não perder a prática.

Segundo Mandamento:

2 – Não deixe de procurar, sempre, as pessoas de sucesso para falar mal.

Terceiro Mandamento:

3 – Não deixe de falar bem daquele que as pessoas dizem que é bom, utilizando-se de duplo sentido, e torça para que ele erre.

Quarto Mandamento:

4 – Não deixe de procurar aqueles que você tem certeza que lhe darão ouvidos.

Quinto Mandamento:
 
5 – Não deixe de mostrar jeito confiante ao falar mal dos outros, para que seus ouvintes acreditem em você.

Sexto Mandamento:

6 – Não fale só mal dos outros. Procure falar, ao mesmo tempo, bem e mal de uma pessoa, para que ninguém perceba a sua real intenção.

Sétimo Mandamento:

7 – Não deixe de procurar os descontentes, os rebeldes e os simples, pois eles lhe darão ouvidos.

Oitavo Mandamento:
 
8 – Não comece criticando, comece falando bem da pessoa que você quer destruir para depois salientar os aspectos negativos dela. Faça isso com maestria e tom piedoso.

Nono Mandamento:

9 – Não deixe de falar mal dos outros para não perder a prática.
 
Décimo Mandamento:

10 – Não deixe de destruir, com palavras, a base mais forte de quem você quer derrubar, porque, no final, ele também cairá.




Rev. Paulo Cesar Lima

quinta-feira, 21 de maio de 2015

GOGUE E MAGOGUE – A NOSTRADAMIZAÇÃO DAS PROFECIAS BÍBLICAS


Dia desses, assisti a um debate, melhor dizendo, a uma exposição sobre um tema da Escatologia Bíblica – o Gogue e Magogue – cuja apresentação beirou ao bizarro, extravagante, esquisito, porque os expositores cochilaram demasiadamente em fazer uma «exegese responsável» dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel.

O formato que deram aos textos foi de um «futurismo irresponsável» a «estatísticas estapafúrdias». Eles transformaram símbolos e perspectivas fenomenológicas, em fatos reais. Resignificaram a profecia de Ezequiel aplicando-a aos tempos atuais, numa total nostradamização do texto profético.

Champlin diz que os capítulos 38 e 39 são cercados de muita controvérsia interpretativa, não tanto porque têm, inerentemente, grandes dificuldades, mas porque certos intérpretes forçam sobre eles ideias pouco prováveis.

Para início de conversa, o inimigo do norte a que os textos de Ezequiel se referem não tem nada a ver com a Rússia; trata-se da Babilônia, Assíria e Turquia Asiática. Assim sendo, estes dois capítulos são paralelos elaborados e metafóricos de Jeremias 4:5-6:26; 16:15; 23:8. Cf. Ezequiel 38:17 e 39:8. Ver também Sofonias 1:14-18; Joel 2:20 e Zacarias 6:8.

Os textos em tela têm um toque de «hipérbole oriental». O temível inimigo do norte (Babilônia) é visto comandando todas as nações do mundo. Por outro lado, o inimigo é representado como vencido, esmagadoramente (como os babilônios são vencidos pelo império medo-persa).

Para não se cometer erros tão ingênuos, devemos entender, de uma vez por todas, que na literatura profética e apocalíptica há princípios que não permitem tais exageros interpretativos, uma vez que ela trabalha com símbolos, mitos, visões, enigmas ...

Posto que entendamos que mais uma vez os inimigos de Israel estão se amontoando em um bloco de muitas nações contra Jerusalém, não podemos, por isso, dizer que o fato tem a ver com a profecia de Ezequiel diretamente e que o texto de Ezequiel esteja falando sobre a Rússia, a China, a Turquia, o Irã, etc.

Uma outra coisa que o leitor precisa saber é que na literatura apocalítica é comum o escritor escrever sobre fatos já acontecidos como se ainda fossem ocorrer, pois esta estratégia camufla a real intenção do escritor apocalíptico. Este, por exemplo, é o caso de Ezequiel, Daniel ...

Posto isto, para entendermos a profecia de Ezequiel sobre o Gogue e Magogue, devemos, primeiramente, ler Jeremias 4:5-18 com atenção. Mais: Jr 6:26; 16:15; 23:8. Cf. Ez 38:17 e 39:8. Ver também Sf 1:14-18; Jl 2:20; Zc 6:8): 

«Anunciem em Judá! Proclamem em Jerusalém: ‘Toquem a trombeta por toda esta terra!’ Gritem bem alto e digam: ‘Reúnam-se! Fujamos para as cidades fortificadas!’ Ergam o sinal indicando Sião. Fujam sem demora em busca de abrigo! Porque do Norte eu estou trazendo desgraça, uma grande destruição. Um leão saiu da sua toca, um destruidor de nações se pôs a caminho. Ele saiu de onde vive para arrasar a sua terra. Suas cidades ficarão em ruínas e sem habitantes. Por isso, ponham vestes de lamento, chorem e gritem, pois o fogo da ira do Senhor não se desviou de nós. ‘Naquele dia’, diz o Senhor, ‘o rei e os seus oficiais perderão a coragem, os sacerdotes ficarão horrorizados e os profetas, perplexos.’ Então eu disse: ‘Ah, Soberano Senhor, como enganaste completamente este povo e a Jerusalém dizendo: ‘Vocês terão paz’, quando a espada está em nossa garganta’. Naquela época será dito a este povo e a Jerusalém: ‘Um vento escaldante, que vem das dunas do deserto, sopra na direção da minha filha, do meu povo, mas não para peneirar nem para limpar. É um vento forte demais, que vem da minha parte. Agora eu pronunciarei as minhas sentenças contra eles’. Vejam! Ele avança como as nuvens; os seus carros de guerra são como um furacão e os seus cavalos são mais velozes do que as águias. Ai de nós! Estamos perdidos! Ó Jerusalém, lave o mal do seu coração para que você seja salva. Até quando você vai acolher projetos malignos no íntimo? Ouve-se uma voz proclamando desde Dã, desde os montes de Efraim se anuncia calamidade. ‘Relatem isso a esta nação e proclamem contra Jerusalém: ‘Um exército inimigo está vindo de uma terra distante, dando seu grito de guerra contra as cidades de Judá. Eles a cercam como homens que guardam um campo, pois ela se rebelou contra mim’, declara o Senhor. ‘A sua própria conduta e as suas ações trouxeram isso sobre você. Como é amargo este seu castigo! Ele atinge até o seu coração!’»

Ezequiel 38:17,18: «Assim diz o Soberano Senhor: ‘Acaso você não é aquele de quem falei em dias passados por meio dos meus servos, os profetas de Israel? Naquela época eles profetizaram durante anos que eu traria você contra eles. É isto que acontecerá naquele dia: Quando Gogue atacar Israel, será despertado o meu furor, palavra do Soberano Senhor’».

De acordo com os “especialistas futuristas” em Schaton, os dois capítulos de Ezequiel não têm paralelo histórico e pertencem absolutamente ao futuro. A destruição descrita deve acontecer antes que Israel se levante e assuma sua posição como chefe das nações, antes do Reino do Messias. Os intérpretes que ensinam esta ideia fazem dos dois capítulos descrições do Armagedom.

Uma outra interpretação vinda dos futuristas é a que diz que estes capítulos falam sobre uma guerra preliminar a Armagedom, talvez a Terceira Guerra Mundial, enquanto Armagedom seria a Quarta. Conforme este argumento, a Terceira Guerra Mundial seria uma luta ocidental-oriental, a Rússia e seus aliados de um lado, e os Estados Unidos e seus aliados do outro.

Atropelando todo o contexto histórico, alguns a colocam dentro da Grande Tribulação, enquanto Armagedom viria depois desse período, como o gran finale. Dr. Russell Champlin diz que esta variação incorpora ideias duvidosas, como as que identificam o «ros» (chefe) de Ezequiel 38:2 e Meseque e Tubal (v. 3), respectivamente a Rússia, Moscou e Tobolsque, meramente porque estes nomes têm sons semelhantes.

A questão é tão crítica e improvável, historicamente falando, que vários intérpretes dispensacionalistas (até eles) já abandonaram tais argumentos, por serem infundados.
Sobre esses extremismos na interpretação de Ezequiel 38 e 39, diz Champlin:

No nosso tempo, o comunismo entrou em colapso, e a Rússia não tem capacidade para promover uma Terceira Guerra Mundial. Também nos encontramos no século XXI, e não parece provável que o calendário escatológico dos dispensacionalistas se realize. Aqueles intérpretes ensinavam que a década de 1990-2000 seria o tempo da Grande Tribulação e, logo depois, o milênio se iniciaria no Sétimo Milênio.

Aquela ideia (originalmente) foi emprestada do livro pseudoepígrafo de II Enoque, que falou do «tempo do homem», como os seis mil anos, e da era da paz, com os mil anos seguintes. Na década de 1990-2000 nenhuma Grande Tribulação incluiu um colapso econômico. Portanto, tentar colocar os capítulos 38 e 39 de Ezequiel «no nosso tempo» e, especificamente, nesta data, nos envergonha. É a tendência de pessoas religiosas que pensam que sabem bem mais do que realmente sabem. 

Um exame isento de preconceitos dos nomes geográficos mencionados nos dois capítulos revela que as localidades não se estendem tanto ao norte, para atingir a Rússia. Os lugares são da ASSÍRIA, da BABILÔNIA e da TURQUIA asiática. Portanto, historicamente, está em vista o exército universal da Babilônia, com sua própria aniquilação subsequente pelos medos-persas. A linguagem não deve ser restrita por uma cronologia limitada, nem por uma geografia exata. É pomposa e contém hipérboles orientais, como outros textos de Ezequiel.

Os dispensacionalistas, sendo precisos demais, caíram num grande equívoco. Assim, devemos continuar com nossas pesquisas, porque ser muito vago também é um equívoco.

Embora não haja razões para duvidarmos da idoneidade de profetas, por exemplo, como Isaías, Jeremias e Ezequiel, os quais realmente viram a chegada do ataque babilônico, porque não foi um fato tão distante, é esperar demais deles ver acontecimentos relativos a um futuro distante, como, por exemplo, nossa era. É exagero aplicar profecias dos antigos hebreus ao nosso tempo; as pessoas que caem nesse equívoco pagarão o preço de serem chamadas de heréticas.

Alguns estudiosos das profecias bíblicas chegam a dizer que profecia, especialmente aquela variedade de «longo alcance», tem a tendência de ser nostradamizada.

Fazendo o caminho do profeta Daniel, muitos estudiosos afirmam que as profecias bíblicas que «se realizaram» foram escritas «depois dos fatos». As alegadas «profecias» eram registros históricos.

Por isso, um grande número de rabinos prefere uma leitura simbólica dos textos de Ezequiel a literal. Segundo eles, os capítulos simbolizam qualquer grande inimigo de Israel, ou o próprio princípio das nações contra aquele país. Assim declaram:

Não devemos esforçar-nos para encontrar significados nas localidades geográficas mencionadas, nem procurar aplicar estes capítulos ao futuro, próximo ou distante. Os detalhes de tais profecias são elementos de uma parábola profética e não devem ser encarados como específicos ou dogmáticos. 

Daí por que há que se ter muita maturidade quando se trata de interpretar profecias de longo alcance na história. Isso cria os maiores equívocos na história das interpretações proféticas no meio dos evangélicos hodiernos.  



Rev. Paulo Cesar Lima



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