quinta-feira, 7 de julho de 2016

A GRAÇA DE DEUS E A SUA AÇÃO LIBERTÁRIA



Hebreus 9:15: «Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a PRIMEIRA ALIANÇA.».

INTRODUÇÃO:

Preocupa-me imaginar a possibilidade de que muitos crentes hodiernos não tenham alicerçado sua fé na graça de Deus; infelizmente, ainda dependem de suas boas obras como garantia de salvação. Têm sido acrescentadas fórmulas e exigências comportamentais à mensagem da salvação, tornando o sacrifício de Cristo ineficaz. Indago-me, frequentemente, se muitos crentes não se estribam nas doutrinas e proibições de suas igrejas como um meio de alcançarem a salvação.


«Então, por que agora vocês estão querendo tentar a Deus, impondo sobre os discípulos um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?» (At 15:10)


A maioria dos evangélicos está se enganando, mantendo sua espiritualidade à base de «obrigações expiatórias». Isso é cair da Graça de Deus.


A LEI E A GRAÇA – NOVA E VELHA ALIANÇA


A Bíblia se refere a algumas alianças no Antigo Testamento:

a) a aliança de Deus com Adão;
b) a aliança de Deus com Noé;
c) a aliança de Deus com Abraão e
d) a aliança de Deus com Moisés.

AS DUAS MAIORES ALIANÇAS DE TODA A BÍBLIA SAGRADA SÃO:

a) A VELHA ALIANÇA
d) A NOVA ALIANÇA

A ALIANÇA DO VELHO TESTAMENTO É CHAMADA DE:

1. VELHA ALIANÇA
2. ALIANÇA DE MOISÉS
3. ALIANÇA DA LEI
4. ALIANÇA DO MONTE SINAI

O QUE ACONTECEU NA VELHA ALIANÇA

. Salmos 105:37: «Ele tirou de lá Israel, que saiu cheio de prata e ouro. Não havia em suas tribos quem fraquejasse».

. Êxodo 14:11: «Disseram a Moisés: ‘Foi por falta de túmulos no Egito que você nos trouxe para morrermos no deserto? O que você fez conosco, tirando-nos de lá?’»

. Êxodo 19:4-25: «Vocês viram o que fiz ao Egito e como os transportei sobre asas de águias e os trouxe para junto de mim. Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas. Moisés voltou, convocou as autoridades do povo e lhes expôs tudo o que o Senhor havia-lhe mandado falar. O povo todo respondeu unânime: ‘Faremos tudo o que o Senhor ordenou’. E Moisés levou ao Senhor a resposta do povo. Disse o Senhor a Moisés: ‘Virei a você numa densa nuvem, a fim de que o povo, ouvindo-me falar-lhe, passe a confiar sempre em você’. Então Moisés relatou ao Senhor o que o povo lhe dissera. E o Senhor disse a Moisés: ‘Vá ao povo e consagre-o hoje e amanhã. Eles deverão lavar as suas vestes e estar prontos no terceiro dia, porque nesse dia o Senhor descerá sobre o monte Sinai, à vista de todo o povo. Estabeleça limites em torno do monte e diga ao povo: ‘Tenham o cuidado de não subir ao monte e de não tocar na sua base. Quem tocar no monte certamente será morto; será apedrejado ou morto a flechadas. Ninguém deverá tocá-lo com a mão. Seja homem, seja animal, não viverá. Somente quando a corneta soar um toque longo eles poderão subir ao monte’. Tendo Moisés descido do monte, consagrou o povo; e eles lavaram as suas vestes. Disse ele então ao povo: ‘Preparem-se para o terceiro dia, e até lá não se acheguem a mulher’. Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e raios, uma densa nuvem cobriu o monte, e uma trombeta ressoou fortemente. Todos no acampamento tremeram de medo. Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com Deus, e eles ficaram ao pé do monte. O monte Sinai estava coberto de fumaça, pois o Senhor tinha descido sobre ele em chamas de fogo. Dele subia fumaça como que de uma fornalha; todo o monte tremia violentamente, e o som da trombeta era cada vez mais forte. Então Moisés falou, e a voz de Deus lhe respondeu. O Senhor desceu ao topo do monte Sinai e chamou Moisés para o alto do monte. Moisés subiu e o Senhor lhe disse: ‘Desça e alerte o povo que não ultrapasse os limites, para ver o Senhor, e muitos deles pereçam. Mesmo os sacerdotes que se aproximarem do Senhor devem consagrar-se; senão o Senhor os fulminará’. Moisés disse ao Senhor: ‘O povo não pode subir ao monte Sinai, pois tu mesmo nos avisaste: Estabeleça um limite em torno do monte e declare-o santo’. O Senhor respondeu: ‘Desça e depois torne a subir, acompanhado de Arão. Quanto aos sacerdotes e ao povo, não devem ultrapassar o limite para subir ao Senhor; senão, o Senhor os fulminará’. Então Moisés desceu e avisou o povo».

. Deuteronômio 8:1-13: «Tenham o cuidado de obedecer toda a lei que eu hoje lhes ordeno, para que vocês vivam, multipliquem-se e tomem posse da terra que o Senhor prometeu, com juramento, aos seus antepassados. Lembre-se de como o Senhor, o seu Deus, os conduziu por todo o caminho no deserto, durante estes quarenta anos, para humilhá-los e pô-los à prova, a fim de conhecer suas intenções, se iriam obedecer aos seus mandamentos ou não. Assim, ele os humilhou e os deixou passar fome. Mas depois os sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para mostrar-lhe que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor. As roupas de vocês não se gastaram e os seus pés não incharam durante esses quarenta anos. Saibam, pois, em seu coração que, assim como um homem disciplina o seu filho, da mesma forma o Senhor, o seu Deus, os disciplina. Obedeçam aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, andando em seus caminhos e dele tendo temor. Pois o Senhor, o seu Deus, os está levando a uma boa terra, cheia de riachos e tanques de água, de fontes que jorram nos vales e nas colinas; terra de trigo e cevada, videiras e figueiras e romãzeiras, azeite de oliva e mel; terra onde não faltará pão e onde não terão falta de nada; terra onde as rochas têm ferro e onde você poderá escavar cobre nas colinas. Depois que tiverem comido até ficarem satisfeitos, louvem ao Senhor, o seu Deus, pela boa terra que lhe deu. Tenham o cuidado de não se esquecer do Senhor, do seu Deus, deixando de obedecer aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus decretos que hoje lhes ordeno. Não aconteça que, depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, o seu coração fique orgulhoso e vocês se esqueçam do Senhor, do seu Deus, que os tirou do Egito, da terra da escravidão».

. Salmo 105:37: «E tirou-os para fora com prata e ouro, e entre as suas tribos não houve um só fraco».


Quando Deus nos tira [liberta] de uma situação 
incômoda e sofredora, Ele sempre o faz de
uma GRANDE MANEIRA.



Êxodo 14:11,12: «E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto».

Êxodo 15:23-25: «Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? E ele clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe uma árvore, que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces. Ali lhes deu estatutos e uma ordenança, e ali os provou».

Êxodo 16:3,4: «E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão. Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não».

Por que até aqui Deus não mandou fogo sobre este povo murmurador? Porque tudo isso aconteceu antes dos 10 mandamentos; antes da Lei. Deus estava tratando o povo com Graça. Parece que para cada murmuração do povo, Deus fazia um milagre. Isso é misericórdia, amor, graça. 

Deus não tirou Israel do Egito porque eles eram bons; Deus não libertou Israel porque a nação só tinha gente maravilhosa, mas porque Ele (Yahweh) é bom e maravilhoso.


NESTE PERÍODO DA HISTÓRIA DE ISRAEL, A NAÇÃO
RECÉM-LIBERTA DO EGITO DEPENDIA DA
FIDELIDADE, DA BONDADE DE DEUS.



Números 21:5,6: «E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel».

Deuteronômio 28:3,4,12: «Bendito serás na cidade, e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado».

Quando Deus tirou o povo do Egito, a lei ainda não havia sido dada. Eles estavam vivendo sob a misericórdia de Deus. Mas, segundo Êxodo cap. 19, do versículo 4 até o 25, tudo mudou, porque Israel foi infiel à Aliança de Deus. De acordo com o que se lê no versículo 8: «O povo todo respondeu unânime: ‘Faremos tudo o que o Senhor ordenou’. E Moisés levou ao Senhor a resposta do povo» (Êxodo 19:8), a expressão «faremos tudo o que o Senhor ordenou» é uma atitude de arrogância da parte do povo. Na verdade, a ideia por trás desta declaração é que eles PODEM, TÊM POSSIBILIDADES, de fazer a vontade de Deus em tudo. Até então Deus não exigia do povo absolutamente nada. Mas eles rejeitaram a Graça de Deus. Então, Deus se afastou deles.

Do versículo 9 em diante, veja como Deus passa a tratar o povo:

«Disse o Senhor a Moisés: ‘Virei a você numa densa nuvem, a fim de que o povo, ouvindo-me falar-lhe, passe a confiar sempre em você’. Então Moisés relatou ao Senhor o que o povo lhe dissera. E o Senhor disse a Moisés: ‘Vá ao povo e consagre-o hoje e amanhã. Eles deverão lavar as suas vestes e estar prontos no terceiro dia, porque nesse dia o Senhor descerá sobre o monte Sinai, à vista de todo o povo’. Estabeleça limites em torno do monte e diga ao povo: ‘Tenham o cuidado de não subir ao monte e de não tocar na sua base. Quem tocar no monte certamente será morto; será apedrejado ou morto a flechadas. Ninguém deverá tocá-lo com a mão. Seja homem, seja animal, não viverá. Somente quando a corneta soar um toque longo eles poderão subir ao monte’. Tendo Moisés descido do monte, consagrou o povo; e eles lavaram as suas vestes. Disse ele então ao povo: ‘Preparem-se para o terceiro dia, e até lá não se acheguem a mulher’. Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e raios, uma densa nuvem cobriu o monte, e uma trombeta ressoou fortemente. Todos no acampamento tremeram de medo».

«Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com Deus, e eles ficaram ao pé do monte. O monte Sinai estava coberto de fumaça, pois o Senhor tinha descido sobre ele em chamas de fogo. Dele subia fumaça como que de uma fornalha; todo o monte tremia violentamente, e o som da trombeta era cada vez mais forte. Então Moisés falou, e a voz de Deus lhe respondeu. O Senhor desceu ao topo do monte Sinai e chamou Moisés para o alto do monte. Moisés subiu e o Senhor lhe disse: ‘Desça e alerte o povo que não ultrapasse os limites, para ver o Senhor, e muitos deles pereçam’».

«Mesmo os sacerdotes que se aproximarem do Senhor devem consagrar-se; senão o Senhor os fulminará’. Moisés disse ao Senhor: ‘O povo não pode subir ao monte Sinai, pois tu mesmo nos avisaste: ‘Estabeleça um limite em torno do monte e declare-o santo’. O Senhor respondeu: ‘Desça e depois torne a subir, acompanhado de Arão. Quanto aos sacerdotes e ao povo, não devem ultrapassar o limite para subir ao Senhor; senão, o Senhor os fulminará’. Então Moisés desceu e avisou o povo». (Êxodo 19:9-25)

Dá para perceber que, depois da arrogância do povo em rejeitar a Graça, o tratamento de Deus passa a ser outro.

1.    Deus exige santidade
2.    Deus exige pureza
3.    Deus exige distância
4.    Deus fala de punição
5.    A morte aparece
6.    Deus coloca limites

CHEGA A NOVA ALIANÇA

Romanos 6:14: «Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça».

Romanos 7:3,4: «Por isso, se ela se casar com outro homem enquanto seu marido ainda estiver vivo, será considerada adúltera. Mas se o marido morrer, ela estará livre daquela lei, e mesmo que venha a se casar com outro homem, não será adúltera. Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerem a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que venhamos a dar fruto para Deus».

Romanos 3:19-22: «Sabemos que tudo o que a lei diz, o diz àqueles que estão debaixo dela, para que toda boca se cale e todo o mundo esteja sob o juízo de Deus. Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem. Não há distinção».

. Romanos 7:14: «Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado».

. Romanos 10:4: «Porque o fim da lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê».

. Romanos 13:10: «O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei».

. 2ª Coríntios 3:4-16: «Tal é a confiança que temos diante de Deus, por meio de Cristo. Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus. Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica. O ministério que trouxe a morte foi gravado com letras em pedras; mas esse ministério veio com tal glória que os israelitas não podiam fixar os olhos na face de Moisés por causa do resplendor do seu rosto, ainda que desvanecente. Não será o ministério do Espírito ainda muito mais glorioso? Se era glorioso o ministério que trouxe condenação, quanto mais glorioso será o ministério que produz justiça! Pois o que outrora foi glorioso, agora não tem glória, em comparação com a glória insuperável. E se o que estava se desvanecendo se manifestou com glória, quanto maior será a glória do que permanece! Portanto, visto que temos tal esperança, mostramos muita confiança. Não somos como Moisés, que colocava um véu sobre a face para que os israelitas não contemplassem o resplendor que se desvanecia. Na verdade as mentes deles se fecharam, pois até hoje o mesmo véu permanece quando é lida a antiga aliança. Não foi retirado, porque é somente em Cristo que ele é removido. De fato, até o dia de hoje, quando Moisés é lido, um véu cobre os seus corações. Mas quando alguém se converte ao Senhor, o véu é retirado».

. Gálatas 2:16: «Sabemos que ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da lei, porque pela prática da lei ninguém será justificado».

. Gálatas 2:21: «Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela lei, Cristo morreu inutilmente!»

. Gálatas 3:11: «É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei, pois "o justo viverá pela fé».

. Hebreus 7:18,19: «A ordenança anterior é revogada, porquanto era fraca e inútil (pois a lei não havia aperfeiçoado coisa alguma), sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus».

. Hebreus 7:22,28: «Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior...  Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho, perfeito para sempre».

A Aliança de Jesus no Novo Testamento é também conhecida como

1. ALIANÇA DA GRAÇA
2. ALIANÇA DA PAZ

. João 1:14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”

. João 1:17: “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.”

A GRAÇA DE DEUS SEMPRE SERÁ MAIOR DO QUE O PECADO: «A lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado, transbordou a graça» (Rm 5:20).

Quando falamos da Graça de Deus não faltam comentários dos «engenhosos justiça própria» que imaginam que estamos falando de um «evangelho fácil», «porta larga», um «evangelho sem regras, normas, proibições». Esses implacáveis «novos judaizantes» pensam que falar da Graça de Deus é uma desculpa para quem quer viver vida cristã fácil. O que eles esquecem é que foram salvos PELA GRAÇA DE DEUS. Mais: o encontro com a Graça de Deus é a maior de todas as experiências que um ser humano pode passar. É ser «agarrado» pelas «cordas do amor» de Deus; é ser constrangido a viver debaixo da maior de todas as leis: a lei do amor.

A LEI DO AMOR SOB A QUAL VIVEM OS QUE FORAM ALCANÇADOS PELA GRAÇA DE DEUS NÃO É UMA LEI PERMISSIVA, MAS CAUSATIVA DE ATOS PROFUNDOS DE LEALDADE E MISERICÓRDIA. AO MESMO TEMPO QUE SE É LEAL, TAMBÉM SE É MISERICORDIOSO. 

Hebreus 7:18-22: «Assim a regra antiga foi anulada porque era fraca e inútil. Pois a lei não podia aperfeiçoar nada. Mas agora Deus nos deu uma esperança melhor, por meio da qual chegamos perto dele. Além disso, há o juramento de Deus. Não houve juramento quando os outros se tornaram sacerdotes. Porém houve juramento quando Jesus se tornou sacerdote, pois Deus lhe disse: ‘O Senhor jurou e não voltará atrás. Ele disse: ‘Você será sacerdote para sempre.’ Portanto, essa diferença também faz com que Jesus seja a garantia de uma aliança melhor».

. Hebreus 8:6-13: «Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores. Pois se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra. Deus, porém, achou o povo em falta e disse: ‘Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança, eu me afastei deles’, diz o Senhor. ‘Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias’, declara o Senhor. ‘Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações’. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados’. Chamando ‘nova’ esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer».

2ª Timóteo 2:13: «se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo».


A Nova Aliança está estabelecida
na fidelidade de Jesus



Hebreus 6:13-20: «Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: ‘Esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes numerosos’. E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa. Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão. Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta. Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque».

CONCLUSÃO:

Na Nova Aliança o acento fundamental da salvação recai sobre a pessoa graciosa de Jesus Cristo e sua Obra Expiatória.

Se a santificação que vê a Deus está baseada na autenticidade, na originalidade, na sinceridade (Mateus 5:8), o mesmo serve para Hebreus 12:14: «Segui a paz com todos, e a SANTIFICAÇÃO, sem a qual ninguém verá o Senhor» (Hebreus 12:14). Santificação, na homilia aos Hebreus, não é regra de conduta, comportamento ilibado, mas sim relacionamento baseado na sinceridade, na autenticidade. Deus só será visto em tudo quando nosso coração for sincero, autêntico, original.


 Rev. Paulo Cesar Lima

sábado, 25 de junho de 2016

AS HERESIAS E AS IMATURIDADES DO POVO PENTECOSTAL E PÓS-PENTECOSTAL


        Dias desses, participei de um Debate numa rádio, onde falamos sobre a avalanche de heresias que ocorre nas igrejas brasileiras.
 
Primeiramente, precisamos fazer uma distinção enorme entre “heresias antigas” e “heresias atuais”. As “heresias antigas” eram oriundas de muito estudo e muita pesquisa. Os chamados heréticos eram professores, conhecedores profundos da matéria que estavam defendendo. Outra coisa: nos Concílios só entravam os mestres e doutores que se debruçavam por 100 dias sobre um tema qualquer para esmiuçá-lo. Todos levavam seus escritos sobre o assunto que iriam defender ou combater e só entravam no recinto após ser verificado seu trabalho.
 
Em segundo lugar, não podemos chamar de heresia o que acontece em algumas igrejas no Brasil. O que existe aqui é um comportamento de rejeição à cultura, ao saber, ao conhecimento, aliado a uma frenética busca por alívio e consolo imediatos. E, para tal, utiliza-se de tudo que puder para chegar a um fim pretendido. Não é heresia o que se pratica na maioria das igrejas pentecostais e pós-pentecostais, quando avaliamos heresia por um critério mais histórico e teológico. O que há de avalanche passando por algumas igrejas é eminentemente fenomenológico. Até porque os que estão propagando essas tolices são líderes sem o mínimo que se exige de conhecimento teológico para se construir uma heresia.
 
Em terceiro lugar, temos igrejas novas mal formadas, onde seus líderes não têm conhecimento teológico quase que nenhum; não há anciãos que sirvam de referência à novel igreja e nem doutores e mestres para ensiná-la. 
 
Em quarto lugar, os líderes dessas igrejas fazem cursos rápidos, exasperados que estão para sair ao campo. Procuram “seminários miojos” – cursos teológicos em 3 meses ou 6 meses. O chamado “curso rapidinho”. Não há como preparar uma pessoa para o pastorado em tão pouco tempo.
 
Em quinto lugar, temos essa enxurrada de equívocos acontecendo em centenas de igrejas, porque transformamos o Logos (a Palavra) de Deus em Mythos.  
 
Em sexto lugar, o povo também é culpado porque procura caminhos mais fáceis, rápidos e com respostas menos demoradas. O povo não gosta de ler, estudar, refletir, aprofundar, comparar, etc. E quem não lê, não sabe.
 
Em sétimo lugar – eu teria ainda muita coisa a dizer, mas o tempo não permite – continuamos a insistir em bater numa tecla que é um tiro no nosso próprio pé. Insistimos em perseguir quem estuda, quem busca conhecimento, os nobres doutores e mestres da Bíblia. Só que sem eles não temos boas traduções, interpretações, exegeses, hermenêutica dos textos das Sagradas Escrituras.
 
As igrejas brasileiras, de um modo geral, não investem em pessoas que possam estudar profundamente Arqueologia, Paleontologia, Filologia, Linguística, Línguas Originais para que tenhamos pesquisadores que nos sirvam de consultores de assuntos que nós não dominamos. Não investimos em doutorados teológicos eficientes, porque invejamos quem sabe mais do que nós. Aliás, atacamos o tempo todo os nossos mestres e doutores. Só que sem eles, sem os pesquisadores, ficamos catando moscas e falando um monte de besteiras.  
 
O Brasil se notabiliza por ser um país de igrejas populares, mas absolutamente patronais, que leem a Bíblia da maneira simples, romântica, verticalista, a partir de verdades sistematizadas, denominacionalizadas, com aplicações práticas no que dizem respeito à conduta comportamental, tudo a partir do seu rol de “sábios” e “entendidos” a seus próprios olhos.
 
             Não aguento mais ouvir que estudar mata espiritualidade, traz frieza espiritual e perda de sensibilidade, etc. Quem tem perda de espiritualidade é quem se mete com o poder temporal, pois passam a maquinar o mal o tempo todo contra os seus oponentes e se insuflam de mesquinharias, perdendo totalmente a sensibilidade. Um mestre ou doutor na palavra lê, estuda, pesquisa, aprofunda seus conhecimentos, avaliam discursos, faz prova de cada um deles, para terem argumentos válidos, embasados, com vistas a ensinar o povo de Deus o que está mais próximo da verdade.  Além disso, ao contrário dos que invejam o conhecimento, a Bíblia diz:
 
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada HONRA, PRINCIPALMENTE os que trabalham na palavra e na doutrina” (1 Timóteo 5.17).

              Neste texto, timh está no genitivo singular. Podendo o versículo ser traduzido da seguinte maneira também:

“Devem ser considerados merecedores de DOBRADOS HONORÁ- RIOS os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5.17).

               Os sentidos da palavra “honra”, no português, são: DISTINÇÃO, MERCÊ, CONSIDERAÇÃO; EXALTAR, ELOGIAR. No grego, timh, DINHEIRO, HONORÁRIOS, HONRARIA, PRECIOSIDADE, PREÇO, SOMA, VALOR. Neste mesmo diapasão está a palavra “reverência”, que significa RESPEITO PROFUNDO, ACATAMENTO, CONSIDERAÇÃO.
 
              Portanto, a própria Bíblia nos estimula a RESPEITAR, CONSIDERAR, HONRAR DUPLAMENTE os nossos oficiais, aqueles que nos ensinam e ainda fazê-los participantes de todos os nossos bens (materiais e espirituais):
 
E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gálatas 6.6).

              Mas se quisermos paralisar essa avalanche de meninice e imaturidade cristã ocorrida em centenas de igrejas brasileiras, precisamos fazer duas coisas fundamentais. Primeiro parar de falar mal daqueles que estudam e levam essa vocação a sério. Em segundo lugar, nos apressar na formação de liderança eficiente, em todos os aspectos.

Rev. Paulo Cesar Lima.
 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

«JESUS – O MAIOR DE TODOS OS INTÉRPRETES DA BÍBLIA»

 
INTRODUÇÃO
 
Escolhi o tema «Jesus – o maior de todos os intérpretes da Bíblia» – porque sem Ele ficaríamos no obscurantismo, na ignorância, e cairíamos nas mãos de manipuladores da verdade, por não sabermos como interpretar a Bíblia de forma coerente e consistente sem Ele. Foi Ele quem reinterpretou a Torá Oral que, nas mãos de santos perversos, só fazia oprimir o povo.
 
Jesus foi quem mais investiu na libertação da consciência do povo. Aliás, começou o seu duro ministério numa luta titânica no deserto e venceu o império do mal com a expressão bíblica: «Está escrito!», reafirmando-a todo tempo em face de distorções sugeridas como propostas indecentes pelo arqui-inimigo do ser humano. E, quando a disputa se tornou mais rígida, não deixou de dizer ao diabo a frase lapidar da sua tentação: «Tam­­­­bém está escrito!». «Também está escrito» para aqueles que ousam interpretar voluntario­­­­­­samente a Bíblia de forma incorreta e distorcida. «Tam­­­­­­bém está escrito» para aqueles que imaginam que citar algum texto da Bíblia seja o suficiente para radicalizar seus pontos de vista. «Também está escrito» para aque­­­­­­les que tomam o caminho da ideia absoluta, dogmática, fechada, fanatizada, um tipo de fundamentalismo sem contraditório. «Também está escrito» para intérpretes bíblicos que fazem o caminho da “particular interpre­­tação”.

 
Digo assim porque com a expressão «está escrito» pode-se dizer o que quiser, até mesmo propagar os mais profundos equívocos na área da interpretação bíblica; o «está escrito» dito por um neófito, pode provocar concei­­­­tos descabi­­dos, incoerentes, inconvenientes, inoportunos e mortais; o «está escrito» mal empregado pode gerar igrejas mórbidas, opressoras e oprimidas, igrejas que medem a espiritualidade de uma pessoa pela proteção ou não que ela tenha de Deus.
 
Ninguém tem todo poder em relação à verdade, mes­­­­mo que fale a partir do que «está escrito», porque isso o tornaria onipotente, divino.

 
O que eu estou tentando passar para vocês, nesta noite, é que a resposta de Jesus, o maior de todos os intérpretes das Sagradas Escrituras, a esta sórdida proposta de satanás é que, mesmo que alguém afirme que «está escrito», sempre haverá um «também está escri­­­­to» da parte de Jesus. Ou seja: haverá sempre um «tam­­­­bém está escrito» para quem diz «está escrito» sem base, sem contexto, sem coerência, sem lastro histórico, sem maturidade, sem profundidade, sem responsabilidade, sem critério, sem discernimento, sem prudência, sem humildade, sem princípio, meio e fim, sem teologia...

 
CONCLUSÃO:

 
Para cada pedalada hermenêutica no uso irresponsável do «está escrito» que se pretenda absoluto, dogmático, autoritá­­­­­­rio, categórico, imperativo, sentencioso, equivocado, mal interpretado, isolado, há sempre um «também está es­­­­­­crito» para chamar a atenção daqueles que se embre­­­­­­nham pela radicalização de um só versículo e ainda mal interpretado.
 
Jesus, o maior de todos os intérpretes da Bíblia, não permitiu que se fizesse a expropriação do conteúdo da Palavra de Deus. Aliás, é dele a mais contundente das afirmações sobre a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada: «... a tua palavra é a verdade».
 
Lutou, como ninguém, contra ferozes manipuladores da religião, e nos deixou o maior de todos os legados: a liberdade.

 
Termino, nesta noite, com um pequeno achado biográfico do grande filósofo francês Rousseau. Além de filósofo, era criador e escravo do individualismo.
 
Certa vez foi encontrado por uma pessoa que o pegou lendo o Novo Testamento para sua filha e imediatamente o interpelou:
 
– «Que é isso Rousseau? Você que se proclama incré­­­­dulo, cético, está ensinando o Evangelho à sua filha»?

 
Ele então responde:

 
– «Meu amigo, se você tem alguma coisa melhor que o Evangelho para ler, faça o obséquio de me mostrar».
 
Deixo-lhes uma última palavra, que é uma das minhas frases baseadas na luta de Jesus no deserto:

 

«A liberdade é e sempre será maior do que o pão».
 
 
Rev. Paulo Cesar Lima

 


quinta-feira, 2 de junho de 2016

O «JESUS» QUE NEM JESUS CONHECE

            



Há um «jesus» popularizado pela religião que nem Jesus conhece.
 
A informação acima não é nova quando se trata de Cristologia. Os cristos caricaturados, fisiculturados nas telas de nossas tvs, nos filmes, na literatura e nas próprias apresentações que as igrejas fazem da imagem de Cristo alguma coisa que não bate com a revelação das Escrituras. O resgate da imagem perdida do Jesus das Escrituras é o desafio-tarefa deste trabalho.  

 

O «jesus» QUE NEM JESUS CONHECE

 
          Concordo plenamente com certo escritor quando diz que, «em matéria de religião, o ‘ídolo’ disfarçado em Deus é pior do que o diabo».
 
O Jesus dos evangelhos nunca desejou criar uma religião, outra religião, uma religião verdadeira ou mais uma religião. Na ver­­dade, os primeiros cristãos foram chamados «os do caminho». A razão é simples: Jesus se preocupava com a vida, o perdão, o amor, elementos que humanizam o homem, alvo de sua pregação. Paradoxalmente, a men­­­­­­sagem de Jesus, no primeiro século, soou como uma mensagem SECULAR dentro de um mundo possuído pela RELIGIÃO.

 
Precisamos recordar que os primeiros cristãos eram chamados de ateus, por não adorarem as divindades ali existentes. Isto posto, mais uma vez o desafio é colocado para nós. Portanto, ou humanizamos a nossa mensagem com vistas a alcançar o homem, ou vamos perder a grande chance de transformar o homem religioso em apenas um ser humano, pois a tendência do «homem religioso» é separar-se do «homem comum», mas o «homem-sim­­­­plesmente-humano» consegue se aproxi­­mar do homem comum, sem nenhum tipo de precon­­ceito e pré-julgamento.

 
Perguntaram uma vez a um grande professor de teologia sobre o que ele achava da sociedade humana que, mesmo vivendo no século XXI, ainda se deixava influenciar pelo fanatismo e fundamentalismo. Sua resposta foi precisa: «Eu é que pergunto: ‘Como podem existir pessoas que pensem diferente disso tudo que está aí e que é tão comum a todos os homens, num mundo tão cheio de fundamentalismo e fanatismo’?» 
 
A lembrança de Jesus não é uma tentação de historicismo, uma espécie de saudade do passado, mas uma necessidade para assegurar a autenticidade do querigma. Sem um retorno ao passado pa­­­­ra encontrar o próprio fundamento, a cristologia se dissolve, tornando-se mera eclesiologia, simples pneumatologia ou uma inexpressiva antropologia. O Evangelho dos evangelistas é uma proteção para o evangelho do querigma. O Jesus da história impede o Cristo proclamado de tornar-se um mito, uma gnose, uma ideologia. A referência a Jesus pro­­­­tege o querigma da ameaça do subjetivismo.

 
É preciso desmistificar, entre outras coisas, a forma cúltica de apresentação de um Cristo de fabricação humana, personagem da alegria dos homens. O «Jesus histórico» que foi trocado pelo «Cristo da fé», absolutamente mediocrizado e devorado por uma religião mercadológica e consumista, precisa voltar as telas humanas. Conquanto entendamos que os contornos histórico de Jesus, às vezes recheados de especu­­­­­­lação, quase sempre não batam com os sentidos dados ao «Cristo da Fé» pela nossa frágil dogmática, não há como separar o «Cristo da fé» do «Jesus histórico». Se­­­­­­gundo a opinião de diversos teólogos e cientistas da religião, as duas coisas podem muito bem se harmonizar, sem que precisemos anular a prova histórica dos evan­­­­­­gelhos, mesmo com todos os retoques teológicos, românticos que sabemos existir.

 
O QUE FIZERAM COM JESUS

 
Quem lê os evangelhos de Jesus, segundo a ótica de Marcos, Mateus e Lucas, há de refazer toda a sua ideia acerca daquele que foi chamado Filho de Deus, Filho do Homem, Jesus Cristo, Jesus de Nazaré, Salvador, Senhor, Filho do Altíssimo, Emanuel, Filho de Davi...

 
A bem da verdade, as interpretações que a Igreja, ao longo desses dois milênios, veio fazendo acerca de Jesus, foram descaracterizando o simples carpinteiro da Galileia. Constantino, imperador romano, por exemplo, cria a famigerada «Teologia do Cristo-Rei», uma reinterpretação do ambiente social em que Jesus viveu com seus pais e parentes. Nesta visão, a manjedoura é substituída por uma recâmara real; José e Maria viram membros da realeza; os trapos em que Jesus foi envolvido tornam-se roupas reais. A partir desta ideia, Jesus vai sendo afastado do homem comum e ganhando feições magníficas, majestáticas, augustas. A simplicidade do Filho de Deus é modificada por imagens pujantes, grandiosas, pomposas. Ao final, Jesus é cooptado pelo religiosismo que Ele deu a sua vida para combater. Passa a censurar, rejeitar, julgar, incriminar, sentenciar, condenar o homem, alvo do seu amor, quando Ele veio, segundo os evangelhos, para perdoar pecados, salvar, libertar e anunciar as boas novas. Não nos esqueçamos que «o machado» estava nas mãos de João, o último a fazer como os profetas do Antigo Testamento, nas mãos de Jesus estava o amor, a misericórdia, a graça e a promessa de jamais «torcer a cana esbagaçada» e «apagar o pavio que ainda fumega».

 
Sem conhecer o Filho de Deus, segundo os evangelhos, nossa noção de certo e errado, verdadeiro e falso, santo e profano se perde na mais profunda escuridão do fanatismo religioso.
 
Não é possível ver o Jesus dos evangelhos sendo apresentado da forma mais intolerante, intransigente pelas igrejas atuais. Um Jesus que se transforma num xerife perseguidor, sempre atrás das portas para nos pegar em erros recorrentes e nos condenar. Um Jesus que só pensa em descobrir pecados ocultos nos homens; um Jesus sem o mínimo de critério para julgar cada caso. Um Jesus que depende mais de quem o interpreta do que de si mesmo. Este verdadeiramente é o «jesus» que nem Jesus conhece.  
 
Não precisamos tanto de intérpretes de Jesus quanto precisamos de quem se arrisque a viver os desafios que Ele deixou de exemplos para serem imitados.


Σ 'Αυτόν, ο Ιησούς, είναι η δόξα στους αιώνες. Αμήν.
Rev. Paulo Cesar Lima.